domingo, 18 de outubro de 2009

AS AVENTURAS DO DETETIVE FROXÔ

JM Cunha Santos







EPISÓDIO DE HOJE:

O demissionário


- Estou pedindo demissão.

- Por que, cara, tu é policial, tu não sabe fazer outra coisa.

- Ah, sei. Vou fazer propaganda. Propaganda do governo. Dá mais dinheiro e eu não corro o risco de levar tiro.

- Que tipo de propaganda?

- Vou anunciar a inauguração de obras. Distribuindo panfletos, falando em carros de som, dando entrevistas em jornais, proferindo palestras para empresários, essas coisas.

- Mas é idiota mesmo. Que diabos de obras o governo vai inaugurar?

- Já está inaugurando. Esta semana inaugurou a Hidrelétrica de Estreito, semana que vem vai inaugurar a Suzano Papeis e Celulose, depois inaugura a Refinaria Premium, a Ambev, a Alumar, a Companhia Vale do Rio Doce e assim por diante.

- Tu tá é maluco, essas obras não são do governo do Estado. São obras da iniciativa privada e do Governo Federal. E como diabos é que tu quer inaugurar o que ainda não foi construído?

- Não foi? Quer dizer que o Supermercado Bom Preço também não é uma obra do Governo? Nem o Center Lusitana? Nem mesmo a mercearia do Seu Raimundo? Nem sequer o jornal “O Estado do Maranhão”? Eu já espalhei propaganda da inauguração de tudo isso...

- Quanto ao jornal eu não sei, mas se depender do resto tu vai é morrer de fome. E muitas dessas “obras” a que tu te referes já existem há muito tempo. Como é que um detetive com tantos anos de carreira cai num conto do vigário desses?

- Mas se o Maranhão inteiro ta caindo...





2 comentários:

  1. Grande Cunha, muito bom. Seu texto, perdão... Seu textos estão sensacionalmente ferinos. É isso aí meu parceiro, vamos à luta. Um abraço.

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  2. Como vai, JM? Me surpreendi com sua foto seguindo meu blog, pois essas "socidades" entre blogueiros normalmente surgem depois de um "toma lá, dá cá" (usando um aforismo gasto). Mas já que você tomou partido do meu blog, venho tomar do seu (sem falsa cortesia, porque gostei do caráter de seus posts). Politicamente as verdades tendem a ser implícitas e explícitas (depende de "quem" e "por qual razão" se debruça sobre elas). A vida tem disso (em muitos aspectos) e se torna interessante pelas mesmas razões. Admiro a militância (não só por uma bandeira, por um ideal); e respeito sua perspectiva lúcida dos fatos. Um abraço.

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