domingo, 22 de janeiro de 2012

Washington vai derrubar Sarney


JM Cunha Santos

Sarney procurou sarna pra se coçar, criou cachorro pra lhe morder. O fim da era Sarney, ao meu humilde e provinciano modo de ver, não se dará pelas razões apontadas pelo metropólico jornalista Luis Nassif, mas por uma outra que está na cara de todos e todos não querem ver: a traição entre traidores.

Ninguém precisa esperar que no ano de 2014 Flávio Dino derrote a oligarquia – o que não é tão provável como dizem – para assistir ao fim da era Sarney. Desta vez o senador não terá como malhar o Judas, pois mesmo depois de recebidos os 30 dinheiros da traição ao PT e ao povo do Maranhão, Washington Oliveira só não será governador se não quiser. Podem colocar até o cão na Presidência da Assembléia, mas ele, Washington, continuará sendo o primeiro na linha sucessória. A não ser que se eleja prefeito de São Luís, um milagre digno de Madre Teresa de Calcutá, ou que Roseana desista definitivamente da carreira política e conclua seu mandato.

Talleyrand-Périgord, o ministro das Relações Exteriores de Napoleão Bonaparte, traidor de carteirinha, dizia que “traição é uma questão de datas”. Em data sinistra, Sarney traiu o povo brasileiro em favor da ditadura militar. Anos depois, trairia a ditadura militar para se tornar vice-presidente do Brasil. Nem terá direito de exclamar como Júlio Cesar a Marcos Június: “Até tu, Brutus”! Não existe ética entre traidores.

Podem apostar que, com seus botões, Washington ri sozinho. Se for eleito, tudo bem, será o prefeito de São Luís; se não, continuará vice-governador, pronto para assumir o comando do Estado. E dependerá somente dele renunciar para que assuma o presidente da Assembléia, no caso de uma desincompatibilização de Roseana Sarney para concorrer ao Senado.

Se deu uma rasteira no partido que sustentou sua sobrevivência política quase a vida toda, Washington, humilhado tantas vezes na condição de vice-governador, não pensará duas vezes antes de praticar mais uma traição. Principalmente contra Sarney que, assim como Heinrich Himmler negociou a rendição da Alemanha com os EUA e a Grã-Bretanha, também negociou a rendição das oposições brasileiras ao golpe militar. Pelo menos, essa traição não vai doer na consciência. E o Washington que o Maranhão conhece não se conformará, como Silvério dos Reis ou Tomaso Buscetta, com o perdão das dívidas e uma pensão vitalícia.

“Chamem o Augusto, ele é leal”, dizia Salvador Allende no Chile sempre que as pressões se tornavam insuportáveis. E Augusto Pinochet fez o que fez. Por enquanto, Sarney ainda está dizendo: “Chamem o Washington”, mas Luis Macaxeira não é tão inocente quanto Salvador Allende.

2 comentários:

  1. Cunha, me responde sem pestanejar: Quem foi que mandou tu bradar contra Washington? Dutra, Bira ou Caostelo?

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