sexta-feira, 18 de abril de 2014

Dois heróis

JM Cunha Santos

 
Já faz algum tempo o Maranhão é uma terra sem heróis e sem ídolos. “Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não”. Mas a sociedade maranhense se contorceu de dor quando uma criança de seis anos foi incendiada em praça pública por vampiros sedentos de sangue e horror.
Desse episódio, surgiu um último herói, Márcio Rony, um jovem que arriscou queimar 70% de seu corpo na tentativa de salvar a infante que virou símbolo da barbárie e da crueldade monstruosa dos soldados do tráfico em São Luís.
À concessão do deputado Bira do Pindaré, Márcio Rony da Cruz receberá a maior honraria da Assembléia Legislativa, a Medalha Manoel Beckman, também um herói maranhense e que dá nome ao palácio do Poder Legislativo. Dois heróis, dois momentos históricos do Maranhão; um que marcou a luta pela liberdade; outro, um cidadão comum, sem projeção política e social, herói de um estado de insegurança que talvez não tenha precedentes na história do país.
Márcio Rony da Cruz, invisível pelas queimaduras em seu corpo, garante que faria tudo de novo. Manoel Beckman, talvez não, posto que, afinal, deu tudo errado e o que conhecemos de liberdade e desenvolvimento é tão pouco que talvez remonte aos difíceis dias do jugo português.
A divulgação da concessão da honraria no blog deste jornalista provocou comentários de leitores que reivindicam para Rony, mais que uma Medalha, mesmo sendo a que leva o nome do nosso mais reverenciado herói, uma pensão vitalícia.
Rony merece os dois e merece mais que isso. Merece que o Estado o cure totalmente, até que não lhe sobre no corpo uma única marca da dor terrível da violência inominável que nos últimos anos atacou o Maranhão.

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