Ele foi preso em Assunção, capital do Paraguai,
nesta terça-feira (19).
Roger Abdelmassih é acusado por crimes sexuais e estava foragido.
Roger Abdelmassih é acusado por crimes sexuais e estava foragido.
Do G1 PR
ex-médico Roger Abdelmassih
|
A Polícia
Federal disse que o ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, era monitorado por
uma equipe da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad) e da Polícia
Federal brasileira há 8 dias. O delegado Marcos Paulo Pimentel afirmou em uma
coletiva de imprensa no início da noite desta terça-feira (19) que Abdelmassih
vivia ilegalmente no Paraguai, não trabalhava e morava com a mulher em uma
residência de luxo de Assunção, capital do país vizinho.
O
ex-médico estava foragido desde 2011, cerca de um ano após ser condenado por
estuprar, 35 pacientes, que disseram ter sido atacadas dentro da clínica que
ele mantinha na Avenida Brasil, na região dos Jardins, área nobre da cidade de
São Paulo. Ao todo, as vítimas acusaram o médico de ter cometido 56 estupros.
Segundo o
delegado, as investigações concluíram que o ex-médico saiu do Brasil por uma
fronteira terrestre. Todavia, Pimentel não soube precisar qual foi a rota usada
por Abdelmassih.
Ainda
conforme Pimentel, Abdelmassih foi preso quando saía de um estabelecimento
comercial, no Bairro Villa Morrá, em Assunção, às 14h30. Ele estava acompanhado
da mulher. Segundo o delegado, ele ficou muito abalado com a prisão.
O
ex-médico chegou à delegacia da Polícia Federal por volta das 18h desta terça-feira.
O avião que transportou Abdelmassih decolou da pista do grupo aeronáutico da
Força Aérea Paraguaia e pousou em um aeroporto dentro da Usina de Itaipu, do
lado paraguaio. Em seguida, ele atravessou a Ponte da Amizade, em Foz do
Iguaçu, em um carro até a alfândega, onde teve que assinar uma ata de expulsão
do país vizinho, conforme Pimentel.
Depois, o
ex-médico foi levado para a Delegacia da Polícia Federal, onde deve ficar preso
até ser transferido para São Paulo, nesta quarta-feira (20). A previsão é que
ele embarque entre 10h e 11h.
O
ex-médico era considerado um dos principais especialistas em reprodução humana
no Brasil. Após sua condenação e fuga, passou a ser um dos criminosos mais
procurados pela Polícia Civil do estado de São Paulo. A recompensa por
informações sobre seu paradeiro era de R$ 10 mil.
Possíveis
disfarces
Para chegar ao ex-médico, a Polícia Federal usou um programa específico, que montou várias imagens com a foto de Abdelmassih. Nelas, o sistema fez projeções de como ficaria o rosto dele com fantasias e disfarces, como tintura capilar, uso de chapéus e óculos escuros.
Para chegar ao ex-médico, a Polícia Federal usou um programa específico, que montou várias imagens com a foto de Abdelmassih. Nelas, o sistema fez projeções de como ficaria o rosto dele com fantasias e disfarces, como tintura capilar, uso de chapéus e óculos escuros.
Denúncias
e condenação
As denúncias contra o médico começaram em 2008. Abdelmassih foi indiciado em junho de 2009 por estupro e atentado violento ao pudor. Ele chegou a ficar preso de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de responder o processo em liberdade.
As denúncias contra o médico começaram em 2008. Abdelmassih foi indiciado em junho de 2009 por estupro e atentado violento ao pudor. Ele chegou a ficar preso de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de responder o processo em liberdade.
Em 23 de
novembro de 2010, a Justiça o condenou a 278 anos de reclusão.
Abdelmassih não foi preso logo após ter sido condenado porque um habeas corpus
do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava a ele o direito de responder em
liberdade.
O habeas
corpus foi revogado pela Justiça em janeiro de 2011, quando ex-médico tentou
renovar seu passaporte, o que sugeria a possibilidade de que ele tentaria sair
do Brasil. Como a prisão foi decretada e ele deixou de se apresentar, passou a
ser procurado pela polícia.
Em maio
de 2011, Abdelmassih teve o registro de médico cassado pelo Conselho Regional
de Medicina de São Paulo.
Lavagem
de dinheiro
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que vai investigar uma possível rede de favorecimentos à fuga do ex-médico. Segundo os promotores, os integrantes dessa rede e o próprio Abdelmassih teriam cometido uma série de outros crimes, como falsidade ideológica e falsidade material, além de lavagem de dinheiro para que o ex-médico tivesse condições de fugir do Brasil e se manter fora do país, conforme o procurador-geral de Justiça Márcio Fernando Elias Rosa e o promotor Luiz Henrique Cardoso Dal Poz.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que vai investigar uma possível rede de favorecimentos à fuga do ex-médico. Segundo os promotores, os integrantes dessa rede e o próprio Abdelmassih teriam cometido uma série de outros crimes, como falsidade ideológica e falsidade material, além de lavagem de dinheiro para que o ex-médico tivesse condições de fugir do Brasil e se manter fora do país, conforme o procurador-geral de Justiça Márcio Fernando Elias Rosa e o promotor Luiz Henrique Cardoso Dal Poz.
A
quantidade de pessoas, a identidade delas e a relação delas com o fugitivo não
foram informados pelo Ministério Público. "As investigações têm continuado
para responder a todas estas questões", disse Rosa.
Médico
alegava inocência
O ex-médico sempre alegou inocência. Chegou a dizer que só ‘beijava’ o rosto das pacientes e vinha sendo atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos". Mas, em geral, as mulheres o acusaram de tentar beijá-las na boca ou acariciá-las quando estavam sozinhas - sem o marido ou a enfermeira presente.
O ex-médico sempre alegou inocência. Chegou a dizer que só ‘beijava’ o rosto das pacientes e vinha sendo atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos". Mas, em geral, as mulheres o acusaram de tentar beijá-las na boca ou acariciá-las quando estavam sozinhas - sem o marido ou a enfermeira presente.
Algumas
disseram que foram molestadas após a sedação. De acordo com a acusação, parte
dos 8 mil bebês concebidos na clínica de fertilização também não seriam filhos
biológicos de quem fez o tratamento.
Vítimas
comemoram
Uma página no Facebook, usada por uma associação de vítimas do ex-médico, comemorou a notícia da prisão. No perfil particular de algumas das vítimas, há postagens comemorativas. “uhu, conseguimos”, diz uma das mulheres.
Uma página no Facebook, usada por uma associação de vítimas do ex-médico, comemorou a notícia da prisão. No perfil particular de algumas das vítimas, há postagens comemorativas. “uhu, conseguimos”, diz uma das mulheres.
Uma das
noras do ex-médico, afirmou que "a justiça foi feita", ao se referir sobre a
prisão do sogro. Segundo ela, a família não vai se pronunciar mais sobre o
caso, para preservar os descendentes mais novos. "A gente não quer falar
por conta dos filhos e netos", explicou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário