quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Bancarrota: Valor de mercado da Petrobras cai 13 bilhões em um dia






A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em baixa nesta quarta-feira (28), pressionada pela divulgação do balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014 da Petrobras. Sem incluir perdas por denúncias de corrupção, como era esperado, o relatório desagradou investidores.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa paulista, recuou 1,85%, a 47.694 pontos. Veja a cotação.
Petrobras fechou em queda, com baixa de 11,21% nas ações preferenciais, cotadas a R$ 9,03, e de 10,48% nas ordinárias, a R$ 8,63.
Mais cedo, os papéis da estatal chegaram a perder quase 12% (ações ordinárias dão direito a voto, enquanto as preferenciais dão prioridade na distribuição de dividendos).
A baixa da Petrobras desta quarta foi a maior desde outubro de 2014, segundo dados da Economatica. A empresa perdeu R$ 13,9 bilhões em valor de mercado no dia, passando de R$ 128 bilhões para R$ 114 bilhões. No início de setembro, a empresa tinha valor de mercado de R$ 310,9 bilhões.
Os papéis da Petrobras despencaram também nos Estados Unidos. Na bolsa de Nova York, a queda foi de 11,7%.
Com dois meses de atraso, a Petrobras divulgou na madrugada desta quarta o balanço do terceiro trimestre de 2014. Os números mostram que a estatal teve lucro líquido de R$ 3,087 bilhões, uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior.
Por duas vezes a companhia adiou a divulgação informando que os dados precisavam ser ajustados para as perdas decorrentes das denúncias de corrupção. O documento divulgado, no entanto veio sem essas informações.
"Esse balanço certamente vai impactar de forma negativa nos mercados, porque ele não mensura o que estava faltando [referente às denúncias] e contraria o que a própria Petrobras havia sinalizado anteriormente [de que as perdas seriam incluídas]", disse ao G1 o economista Jason Vieira.
Juntas, as ações preferenciais e ordinárias da petroleira têm participação de 8,3% na carteira do Ibovespa válida para esta quarta-feira, informou a Reuters, fazendo dos papéis a maior pressão negativa sobre o índice.
Para o analista da Gradual Investimentos Paulo Cabral Bastos, o balanço, da forma como foi divulgado, não tem credibilidade. "É muito ruim para o mercado, uma vez que se esperava que compras superfaturadas e outras irregularidades fossem contabilizadas".
Perdas
Cálculo apresentado durante a reunião do Conselho de Administração da Petrobras realizada na terça-feira 
indicava a necessidade de uma baixa contábil de R$ 88,6 bilhões nos ativos da companhia referentes às perdas com corrupção ligadas à operação Lava Jato. O número aparece em comunicado da presidente da estatal, Graça Foster. Segundo ela, no entanto, a metodologia usada não foi considerada adequada.
De acordo com Graça Foster, a estimativa de perdas foi feita com base na diferença entre o valor justo e o valor contábil de cada um dos ativos avaliados, considerando ainda o sobrepreço (superfaturamento) verificado a partir de informações da Operação Lava Jato.
A estatal considerou, no entanto, que a metodologia usada não foi considerada uma substituta adequada para o cálculo das perdas com corrupção, "pois o ajuste seria composto de diversas parcelas de naturezas diferentes, impossível de serem quantificadas individualmente", e que será feito outro cálculo desse impacto.
Além da situação delicada da Petrobras, também repercutiu nos mercados brasileiros a percepção de que o ajuste fiscal comandado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, terá que passar por rodadas de negociação antes de ser colocado em prática.
"Não será fácil, e os mercados vão precificando isso, após semanas de maior euforia e otimismo. Começamos a ouvir críticas às mudanças, à medida que os ajustes são anunciados", disse à Reuters a corretora Guide Investimentos.
Ações de bancos como Banco do Brasil, Bradesco e Itaú Unibanco seguiram a Petrobras entre as maiores pressões negativas do Ibovespa do dia, além da companhia de educação Kroton.
A construtora e incorporadora PDG Realty perdeu 5%, com o mercado ainda pessimista sobre as perspectivas para seus resultados.

No cenário internacional, todos os olhos se voltavam para a decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve, no final da tarde.

O dólar fechou em alta nesta terça. mas se manteve abaixo do patamar de R$ 2,60 pelo 5º pregão seguido, com investidores aguardando a decisão do Federal Reserve, banco central norte-americano, em busca de sinalizações sobre quando a taxa de juros começará a subir na maior economia do mundo. A moeda norte-americana avançou 0,25%, a R$ 2,5769 na venda.

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