Pedro Barusco |
A iniciativa da força-tarefa do
Ministério Público Federal de tentar a repatriação do dinheiro desviado pelo
engenheiro Pedro Barusco, um dos principais delatores das fraudes em contratos
de empreiteiras com a Petrobras, surtiu efeito. Parte do dinheiro, R$ 182
milhões, já está depositado em conta da Justiça Federal do Paraná, segundo
disse ao GLOBO uma autoridade que acompanha o caso de perto. Inicialmente, o
valor divulgado foi R$ 139 milhões, mas novos valores foram depositados. É o
maior volume de dinheiro de corrupção já repatriado. Até então, todo dinheiro
que retornou aos cofres públicos de contas no exterior estava na casa de R$ 45
milhões. Barusco confessou o recebimento de aproximadamente US$ 100 milhões em
suborno.
Os recursos estavam escondidos em contas secretas na Suíça. A
repatriação, antes do fim dos processos da chamada Operação Lava-Jato, só foi
possível porque Barusco concordou em devolver aos cofres públicos todo o
dinheiro de origem ilícita acumulado ao longo de anos de corrupção na
Petrobras. Em novembro passado, os procuradores Deltan Dellagnol e Orlando
Martello estiveram na Suíça para reforçar o pedido de repatriação.
As negociações foram intensificadas
pelo secretário de Cooperação Judiciária da Procuradoria Geral da República,
Vladimir Aras, a partir de Brasília. Para os procuradores, a recuperação
imediata de somas expressivas é prova da eficácia da investigação sobre desvios
da Petrobras, um trabalho que começou cercado de dúvidas. As somas repatriadas
são um marco nas investigações criminais.
O Ministério Público Federal do Paraná
confirmou no início da tarde a repatriação do dinheiro desviado por Barusco.
Segundo o procurador Orlando Martello, trata-se de uma parcela dos recursos que
estavam em contas do ex-gerente. Falta ainda uma determinada quantia a ser
devolvida nas próximas semanas. A força-tarefa espera ainda repatriar mais US$
27 milhões que estão em contas do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto
Costa, o primeiro a delatar as fraudes na Petrobras.
- O jogo está apenas começando. Ainda
tem muita coisa pela frente. Mas, de qualquer forma, a repatriação imediata
desses valores é animadora. Muita gente dizia que esse dinheiro jamais voltaria
aos cofres públicos - disse Martello.
O procurador argumenta ainda que a
repatriação do dinheiro, sem maiores entraves burocráticos, é uma prova de que
a cooperação financeira internacional, especialmente com a Suíça está
funcionando. O Ministério Público da Suíça concordou com a devolução do
dinheiro ao Brasill com base numa autorização por escrito de Barusco.
Em nota o juiz Sergio Moro, da Justiça
Federal do Paraná informou que os reais repatriados estão em conta vinculada ao
processo da Lava-Jato. Ele esclareceu ainda que Barusco se comprometeu a pagar
R$ 3,2 milhões em multas.
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