Editorial JP, 6 de março
Foram as propinas. Como sempre,
foi a corrupção.
Palavra que cansa, que se repete, que invade, desnorteia, revolta, na medida em
que o maranhense vai tomando conhecimento do tipo de poder que estava sendo exercido aqui. A Refinaria
Premium, calote mor de todos os calotes aplicados no Maranhão, jamais saiu do
papel, mas rendeu propinas, encheu cofres, turbinou contas secretas com seu
aterro de mais de U$$ 1,5 bilhão.
Fabricaram sonhos e sonhos foram
sepultados. O Maranhão não tem escolas que prestem, é o estado mais pobre do
país, seu povo é mal alimentado, as estradas desmancham, faltavam médicos e
leitos hospitalares e não há razões históricas nem econômicas que expliquem
tanta decadência. Foram as propinas, foi a corrupção.
A lista de Janot inclui
o ministro maranhense das Minas e Energias, Edison Lobão, inclui grandes
aliados do ex-senador José Sarney, como Renan Calheiros, inclui gente do PMDB
em que Sarney mandava e desmandava pelo país afora.
A vitória de Flávio
Dino, na verdade, serviu primeiro para desmontar nesse Estado um modelo
político corroído pela flagelação dos bons costumes, pelo seviciar da função
pública em nome do enriquecimento ilícito de quadrilheiros e propineiros daqui
e de fora daqui. É lamentável, mas é tudo o que se pode dizer.
Muitos políticos
maranhenses, a maioria deles de boa fé, ainda lutam para que a construção da
Refinaria Premium retorne à planilha de investimentos da Petrobrás. Parece-nos
inútil. O mais concreto, o mais possível é que aquele aterro bilionário seja
fotografado, filmado, sua imagem guardada em museus para que seja a refinaria
estigmatizada como símbolo do que nunca mais poderá acontecer no Maranhão.
No fim, a refinaria
pode não ter passado de um plano macabro, urdido nos escaninhos do Congresso
Nacional, por diversos braços, muitas cabeças, como troca de favores, para que
o Maranhão premiasse os propineiros do PMDB. Pode ser que nunca tenham pensado,
de fato, em construir essa refinaria e tudo não tenha passado de um tremendo
golpe eleitoral.
A descoberta desse lote
de propinas, que sucede à propina da Constran, mostra o que era o exercício do
poder no Maranhão. Nem podemos ter idéia do que podem ter nos levado nesses
anos todos, mas podemos ter a certeza de que foram as propinas, foi a corrupção
o mal que mais empobreceu o povo desse Estado.
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