sexta-feira, 6 de março de 2015

Foram as propinas; foi a corrupção

Editorial JP, 6 de março

Foram as propinas. Como sempre, foi a corrupção. Palavra que cansa, que se repete, que invade, desnorteia, revolta, na medida em que o maranhense vai tomando conhecimento do tipo de poder  que estava sendo exercido aqui. A Refinaria Premium, calote mor de todos os calotes aplicados no Maranhão, jamais saiu do papel, mas rendeu propinas, encheu cofres, turbinou contas secretas com seu aterro de mais de U$$ 1,5 bilhão.

Fabricaram sonhos e sonhos foram sepultados. O Maranhão não tem escolas que prestem, é o estado mais pobre do país, seu povo é mal alimentado, as estradas desmancham, faltavam médicos e leitos hospitalares e não há razões históricas nem econômicas que expliquem tanta decadência. Foram as propinas, foi a corrupção.

A lista de Janot inclui o ministro maranhense das Minas e Energias, Edison Lobão, inclui grandes aliados do ex-senador José Sarney, como Renan Calheiros, inclui gente do PMDB em que Sarney mandava e desmandava pelo país afora.
A vitória de Flávio Dino, na verdade, serviu primeiro para desmontar nesse Estado um modelo político corroído pela flagelação dos bons costumes, pelo seviciar da função pública em nome do enriquecimento ilícito de quadrilheiros e propineiros daqui e de fora daqui. É lamentável, mas é tudo o que se pode dizer.
Muitos políticos maranhenses, a maioria deles de boa fé, ainda lutam para que a construção da Refinaria Premium retorne à planilha de investimentos da Petrobrás. Parece-nos inútil. O mais concreto, o mais possível é que aquele aterro bilionário seja fotografado, filmado, sua imagem guardada em museus para que seja a refinaria estigmatizada como símbolo do que nunca mais poderá acontecer no Maranhão.
No fim, a refinaria pode não ter passado de um plano macabro, urdido nos escaninhos do Congresso Nacional, por diversos braços, muitas cabeças, como troca de favores, para que o Maranhão premiasse os propineiros do PMDB. Pode ser que nunca tenham pensado, de fato, em construir essa refinaria e tudo não tenha passado de um tremendo golpe eleitoral.

A descoberta desse lote de propinas, que sucede à propina da Constran, mostra o que era o exercício do poder no Maranhão. Nem podemos ter idéia do que podem ter nos levado nesses anos todos, mas podemos ter a certeza de que foram as propinas, foi a corrupção o mal que mais empobreceu o povo desse Estado. 

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