Editorial
JP, 24 de março
Um
editorial é pouco. Não cabe essa história. Muitos livros não caberiam. É,
afinal, o aniversário do Partido Comunista do Brasil, dos 93 anos de luta do PC
do B, uma luta de classes, é certo, mas intransigentemente uma luta pela
libertação do povo brasileiro. São quase 100 anos. Uma longa história de
sacrifício dos militantes de um partido que neste país se dedicou a enfrentar
todas as ditaduras, não se curvando a quaisquer formas de exceção, fosse a
exceção legal, fosse a exceção das baionetas.
Nesses
anos todos, mesmo com alguns tropeços, mudanças climáticas e ocasionais erros
de avaliação, o PC do B foi um dos poucos partidos a não se afastar de suas
convicções socialistas e preservar os ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade que emergiram na Idade Média, com a Utopia de Thomas Moro, se
fixaram no leste europeu e se espalharam pelo mundo.
A
comemoração aconteceu no plenário da Assembleia Legislativa do Maranhão, estado
que, paradoxalmente, sendo o último a se libertar do coronelismo, foi também o
primeiro a eleger um governador comunista no Brasil. O que não seria imaginável
a algumas décadas quando seus militantes eram desterrados moralmente pela
propaganda oficial das ditaduras e fisicamente presos, torturados, mortos,
exilados do país.
O
partido permaneceu grande parte de sua história na clandestinidade, seus
militantes caçados por polícias políticas, vigiados pela força capitalista do
imperialismo americano para viver uma rara história de dignidade ideológica. “O
PC do B é um partido de lutas históricas; sempre ligado às boas causas do
Brasil e do mundo”, disse o deputado Othelino Neto. “A vitória do Maranhão é
também uma vitória do Brasil” disse a deputada Jandira Feghali, os dois
trazendo à tona verdades que custaram muito sangue e heroísmo até puderem ser
ditas livremente.
E
o primeiro governador eleito pelo partido no Brasil, Flávio Dino, confidenciou
que houve uma discussão interna sobre sua candidatura pelo PC do B. Temiam os
efeitos de uma terrível campanha anti-comunista que, afinal, acabou
acontecendo. O hoje governador refletiu e se manteve candidato pelo partido,
livrando o Maranhão dos 50 anos de domínio da mais longa oligarquia do país. E
diria o governador que o 5 de outubro foi apenas o primeiro passo, que estamos
diante do maior desafio de nossas vidas, o maior desafio da história do Estado:
o de governar bem, governar com honestidade.
Em
determinado momento a platéia aplaudiu a menção ao nome de João Amazonas, feita
pelo hoje presidente do PC do B, Aldo Rebelo. E essa simples menção bastou para
que a história do Brasil invadisse a História do Maranhão. Porque, afinal,
fomos os últimos, mas também os primeiros, a partir da eleição de Flávio Dino,
a reverenciar a liberdade de organização partidária.
No
mais, o aniversário do PC do B é ao mesmo tempo o aniversário da liberdade no
Brasil.
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