JM
Cunha Santos
A
complexa organização criminosa que assaltou a Petrobras deve ter um chefe. Tem
que ter um chefe. Talvez que até agora essa seja a única falha da irretocável
“Operação Lava Jato”. Descobriram tudo: onde foi roubado, quanto foi roubado,
quanto coube a cada um na partilha do roubo, o que já foi gasto, o que ainda
está intocado, os esconderijos da quadrilha, tudo; só não encontraram... o
Chefe.
Porque
quadrilha sem chefe, convenhamos, não existe. Pode até ser que exista chefe sem
quadrilha, mas a recíproca jamais será verdadeira. Mesmo nas prolongadas
novelas de mistério, nem que seja no último capítulo, a polícia acaba
descobrindo quem é o chefe. E é quase sempre a pessoa que menos se imagina,
alguém acima de qualquer suspeita, cuja honradez não pode ser posta em dúvida.
No Mensalão brasileiro, por exemplo, conforme a própria polícia, o chefe, o
mentor intelectual, era o José Dirceu. Mas no caso da corrupção na Petrobras tem
assaltante sobrando; chefe que é bom, nada.
Tem
chefe do tráfico, tem chefe do Mensalão, tem chefe da máfia siciliana, tem
chefe das quadrilhas de assaltantes de bancos, de saidinhas bancárias, nas orcrims
da internet. Toda quadrilha tem chefe. Só não se encontrou chefe no Petrolão.
E
o Petrolão precisa de um chefe. Se ele não aparecer até o final das
investigações, seria uma boa idéia fazer um concurso para chefe da quadrilha.
Com inscrições limitadas somente para os que estão presos e os que ainda vão
ser. Se ninguém for aprovado, o chefe pode ser nomeado, já que foi a partir de
nomeações para altos cargos na República que a quadrilha se formou.
O
fato é que a quadrilha precisa de um chefe. Para que se saiba como tudo foi
organizado, para que esse gênio do crime não seja alijado da História, para que
fique tão famoso quanto Al Capone nos EUA, Barrabás no mundo bíblico, Robin
Hood na Inglaterra. Àrsene Lupin e Rocambole em Paris.
É
uma questão de Justiça poética. Ninguém pode ser tão genialmente ladrão sem que
dele possam se ocupar os grandes escritores, sem que possam os gênios da
literatura contar sua verdadeira História.
E nem me perguntem se eu sei quem é esse
misterioso chefe do Petrolão.
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