Renan não quis confirmar se foi avisado que será citado pelo Ministério
Público. Em entrevista, ao ser perguntado, Renan respondeu:
— Não tenho nenhuma informação.
Procurado, o presidente da Câmara informou por mensagem que não recebeu
aviso.
"Não fui avisado por ninguém. Isso é mentira", escreveu Cunha.
Rodrigo Janot deve enviar nesta terça-feira ao STF os pedidos de
abertura de inquérito relacionados às autoridades supostamente beneficiárias
dos desvios de dinheiro da Petrobras. Ele também deve pedir para o relator dos
casos, ministro Teori Zavascki, derrubar o sigilo das investigações, tornando
público todo o conteúdo dos inquéritos.
Desde a semana passada o presidente do Senado começou a dar sinais de
irritação com o governo. Na segunda-feira, por exemplo, Renan não participou do
jantar oferecido pela presidente Dilma Rousseff à cúpula do PMDB. Na semana
passada, o senador chamou a coalização do governo Dilma de “capenga” e depois
afirmou que houve um “escorregadão” na política econômica e fiscal.
No dia 8 de outubro no ano passado, a contadora Meire Pôza, que
trabalhou para Alberto Youssef, afirmou que o doleiro se reuniu com Renan
Calheiros para acertar investimentos do fundo Postalis, dos Correios, em uma empresa
de Youssef. O encontro, ocorreu em 12 de março deste ano, cinco dias antes da
prisão do doleiro, conforme a contadora afirmou em depoimento à CPI mista da
Petrobras. O montante envolvido seria de R$ 50 milhões sendo a metade aportados
pelo Postalis.
No depoimento, Meire afirmou que parlamentares do PT e do PMDB fizeram
as negociações pelos aportes dos fundos Postalis, dos Correios, e Funcef, da
Caixa Econômica Federal (CEF), mediante uma suposta partilha de comissões com
integrantes dos dois partidos. Pelo PT, as negociações teriam sido conduzidas
pelo deputado federal André Vargas (sem partido-PR), que responderá a inquérito
de primeira instância. Vargas e o doleiro eram próximos.
À época, Renan Calheiros afirmou que "não conhecia a pessoa
mencionada no noticiário como 'doleiro' Alberto Youssef e que só soube da
existência do mesmo após as informações publicadas pelos jornais'. Ainda
segundo nota, Renan "nunca esteve, agendou conversas e nunca ouviu falar
de Alberto Youssef e de sua contadora".
Eduardo Cunha foi acusado de ter recebido dinheiro do esquema da
Petrobras pelo agente da Polícia Federal, Jayme Alves de Oliveira Filho,
conhecido como ‘Careca’, que teria entregue a propina ao deputado. À Força
Tarefa da Operação Lava-Jato, o Youssef também teria dito em delação premiada
que Cunha recebeu propina por meio de Fernando Soares, o Fernando Baiano.
"Também levei dinheiro de Youssef umas duas ou três vezes para uma
casa no condomínio que, acho, se chama Nova Ipanema, localizado na Barra da
Tijuca, em frente ao Barra Shopping, em uma casa amarela de dois andares,
entrando no condomínio, vira à esquerda.
(...) Segundo Youssef me falou, essa é a casa de Eduardo Cunha. Nessa casa fui
atendido e entreguei o dinheiro ao proprietário, mas não posso afirmar com
certeza que seja Eduardo Cunha", disse Careca à PF no dia 18 de novembro.
O GLOBO revelou em janeiro que a residência, no entanto, não pertence a
Cunha. A casa citada pelo policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o
Careca, como destino do dinheiro da propina paga pelo doleiro Alberto Youssef,
delator da Operação Lava-Jato, pertence ao advogado Francisco José Reis, aliado
do deputado estadual eleito Jorge Picciani, atual presidente do PMDB do Rio.
Chico Reis, como o advogado é conhecido na política fluminense, serviu
ao peemedebista como assessor parlamentar, de 1991 a 1997, e como subchefe da
1ª Secretaria da Assembleia Legislativa (Alerj) entre 1997 e 2001 — quando
Picciani era o primeiro-secretário. Indicado pelo deputado, deixou a Casa para
ser conselheiro da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos do Estado
do Rio (Asep) e, depois, da Agetransp, a agência reguladora do transporte
público no Rio, onde trabalhou até dezembro de 2013.
Na época, Cunha admitiu que conhecia Baiano e que o recebeu como
representantes de empresas espanholas. Contudo, ele negou que recebeu propina:
“Conheço Fernando Baiano, sim, ele era representante de uma empresa
espanhola, e já o recebi em meu escritório como vários outros empresários de
outros setores”, declarou Cunha.
Careca também prestou serviços a Baiano. No mesmo depoimento que admitiu
ter entregue propina a Cunha a pedido de Youssef, Careca revelou que retirou
valores na sede de uma empresa que integra o rol de investigadas pela Lava-Jato
por pagarem propina a agentes públicos e políticos, em troca de contratos da
estatal petrolífera.
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