JM
Cunha Santos
Roseana Sarney e Lobão |
Talvez
poucos tenham atentado para o fato de que a ausência de oposição não é saudável
a nenhuma democracia. Mas, depois de quase 50 anos de dinastia e autoritarismo,
parece ser esse o caminho que se desenha para o Maranhão. Sarney está velho,
sem votos e sem mandato, a ex-governadora virou caso de polícia e o senador
Edison Lobão está sendo citado na grande imprensa como chefe do maior esquema
de corrupção da história do país. Mesmo hoje, nenhum deles tem autoridade moral
nem eleitoral para liderar uma oposição ao governo Flávio Dino.
Na
Assembleia, capitalistas de carteirinha e sarneisistas imaculados estão mudando
de lado nesta que talvez seja a mais virulenta metamorfose política da história
do Brasil. Até os verborrágicos sarnopetistas já estão engomando os paletós e
comprando gravatas novas para voltar a roçar os cofres públicos. De oposição
mesmo, sobraram os deputados Andrea Murad e Adriano Sarney. São dois contra
todo mundo; os dois muito jovens, muito inexperientes e marcados pelos
sobrenomes da oligarquia que caiu.
Nesse
quadro, faltará ao Maranhão, se já não está faltando, a diversidade da cultura
política. Em se tratando de representatividade, pior ainda. Os partidos à
esquerda do governo Flávio Dino, a exemplo do PSTU e PSOL, não elegeram sequer
um parlamentar, ou seja, vão estar fora do visor da sociedade até as próximas
eleições.
Enquanto
o governador Flávio Dino constrói a melhor imagem de um político até hoje no
Estado, através de uma poderosa e desconhecida política de inclusão social e
mostrando determinação no combate a desvios de finalidade e de conduta, o povo
discute nas ruas as probabilidades de Roseana ir parar na cadeia ou não.
E
esse é o sorumbático fim das últimas lideranças que restavam ao modelo político
que, em boa hora, o povo maranhense demoliu e enterrou.
Por
outro lado, os evidentes esforços do atual governo para vencer a violência, combater
o crime organizado, mandar investigar agiotas, ajudar a Prefeitura de São Luís,
melhorar o IDH do Maranhão, acionar na Justiça empresas que foram pagas e não
cumpriram contratos com o Estado, soam para este povo como alguma coisa no
estilo “o impossível acontece”. E cresce, assim, a perder de vista, a
popularidade de um governador que, para deixar qualquer oposição sem guarida,
ainda demonstra ter cada vez mais prestígio junto ao Governo Federal.
Aos
que esperam que entre os deputados federais surja alguém capaz de liderar a
oposição, contrapõe-se um argumento histórico: as elites políticas maranhenses
não se acostumaram a viver longe do poder e quase sempre agiram com servilismo
durante o cinquentenário de José Sarney. Dificilmente vão conseguir ser
oposição. No mínimo, vão fazer tudo para não ser.
Como,
a julgar pela política traçada hoje, a reeleição de Flávio Dino em 2018 parece
fato irrevogável e as baixezas administrativas cometidas estão se voltando
agora, qual um tsunami, contra o grupo Sarney, não vai sobrar muita gente para
liderar qualquer oposição.
Uma
situação que se tornará muito mais consistente se Lobão e Roseana acabarem
presos pela Polícia Federal.
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