terça-feira, 3 de março de 2015

Sinônimos do engodo

Editorial JP,03 de março

Aos poucos, desfaz-se a propaganda utilizada em larga escala pelo governo Roseana Sarney. A propaganda que garantia duzentos mil empregos, a que prometia uma refinaria de 20 bilhões de dólares, a que anunciava uma revolução na educação, a que inventava a construção de 1.000 quilômetros de rodovias que serviriam à redenção econômica do Estado.
E tudo vai por terra diante de fatos concretos, indesmentíveis, que a mente dos maranhenses fotografa para que quedemos abismados diante do poder do engodo e da empulhação. O anúncio de duzentos mil empregos se desfaz diante da realidade constatada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que coloca o Maranhão como estado de menor renda per capta em todo o país, míseros R$ 461, bem distante da renda média do restante dos brasileiros.
A Refinaria Premium engoliu mais de um bilhão e meio de reais para ser um formidável conto do vigário, que esfumaçou sonhos e economias de muitos maranhenses e liquidou todas as faturas até ganhar destaque nacional como um tremendo estelionato, urdido nas sombras e que serviu para eleger a governadora que nunca se cansou de não governar.
O golpe perfeito, carregado nas tintas e nas telas, que se transformaria num fiasco imperdoável para o povo do Maranhão. A refinaria de 20 bilhões de dólares está virando lixão e o dinheiro que afirmam ter investido nela ninguém sabe onde foi parar.
A revolução na educação foi feita com escolas que acabaram sendo interditadas por falta de tudo, ate de banheiros, em prédios comparáveis a esqueletos do pós- guerra e a ponto de desabar nas cabeças de estudantes e professores. Sem contar as escolas de palha, de pau a pique ou funcionando em galpões perigosos.
Faltava que encarássemos a realidade dos 1.000 quilômetros de rodovias que coloriram a propaganda oficial e fizeram a festa da arrecadação publicitária do Sistema Mirante de Comunicação. Obras feitas às pressas, asfalto doce que se dilui com as primeiras chuvas que caem no Maranhão. Obras eleitoreiras destinadas a criar uma imagem desenvolvimentista num estado que arca com os piores indicadores sócio-econômicos do país.
Obras como a Via Expressa de São Luís, que descasca a olhos vistos e se destampa para desgosto e decepção de quem acreditou ela iia contribuir para desafogar o trânsito da capital.  
Enquanto isso, o majestoso monopólio de comunicação do senador José Sarney, principalmente sua Vênus Platinada afiliada da Rede Globo, a TV Mirante, com suas sucursais e a internet, se encarregava de culpar o prefeito Edivaldo por tudo que acontecia e não acontecia na cidade. Um exemplo insofismável do poder ilusório das tecnologias modernas, diante de um povo envolvido por audiências majestosas em geral pagas com seu próprio suor.

Descaradamente, o orçamento anual do Estado destinava mais recursos para “comunicação” que para agricultura familiar. E o povo continua aí, à espera dos 200 mil empregos, das escolas modernas, da Refinaria, das rodovias eternas e de tantos outros sinônimos de enrolação governamental. 

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