JM
Cunha Santos
Uma
estranha névoa ronda o Complexo Penitenciário de Pedrinhas e já faz muito
tempo. Nasceram e se criaram ali, no decorrer dos governos de Roseana Sarney,
duas das facções criminosas mais violentas da história do Brasil. De dentro da
Penitenciária, esses comandos disparavam ordens para sitiar São Luís a ferro e
fogo, queimando ônibus, incendiando crianças, decretando o toque de recolher. A
população, inúmeras vezes, correu para casa em polvorosa ou se trancou em seus
lares apavorada com as ações do Primeiro Comando da Capital e Bonde dos 40.
Matavam
civis e matavam policiais. O nível de barbárie ultrapassou a crueldade das
execuções do Estado Islâmico. Presos chegaram a jogar futebol com cabeças humanas,
a exibir os escalpos ensanguentados como troféus de uma perversão inominável
que deixou perplexo todo o país. As fugas eram quase diárias, os assassinatos
também.
Tudo
levava à suspeita de que um conluio bem urdido para a administração do crime
unia no mesmo propósito os interesses de empresas terceirizadas, agentes
penitenciários, traficantes, assassinos de aluguel e os comandos das facções
criminosas. A corrupção deslavada era uma notícia em off e sem comprovação que a imprensa apenas insinuava, com medo
de processos e com medo de morrer. Mas as ligações perigosas entre o que
acontecia em Pedrinhas e a permissividade do Estado, então sob comando de
Roseana Sarney, estava nas bocas de quase todo mundo no Maranhão.
A
falta de interesse em resolver o problema ficou patente quando o Maranhão
devolveu R$ 40 milhões enviados pelo Governo Federal para recuperar o Sistema
Penitenciário, quando não concluíram os presídios que, pelo menos, reduziriam a
superpopulação em Pedrinhas, conforme noticiou, ontem, o blog do jornalista
Jhon Cutrim.
O
governo Roseana Sarney deixou o Complexo Penitenciário de Pedrinhas apodrecer e
apodreceu com ele, já que se findaria sob a mira da Operação Lava Jato da
Polícia Federal.
Nem
a péssima repercussão internacional dos episódios de Pedrinhas, com
manifestações de entidades do mundo todo, da Organização Interamericana de Direitos
Humanos, da Organização dos Estados Americanos e da própria Organização das Nações
Unidas, fizeram o governo Roseana agir com determinação para torpedear os
interesses degradantes que faziam de
Pedrinhas uma maldita sucursal do inferno.
Em
menos de 100 dias do governo Flávio Dino, no entanto, já não se tem notícias de
presos degolados, de esquartejamentos, as fugas foram reduzidas e diminuíram
também os assassinatos. Já não há ordens para ataques a São Luís. O governador Flávio
Dino acabou com as terceirizações, medida inevitável para por fim à corrupção,
há um processo seletivo em curso para contratação de 900 auxiliares de
segurança penitenciária e anunciado já um concurso público para 308 novos
agentes penitenciários.
Os
adversários do governo fazem festa, hoje, com um resgate de presos na madrugada
de domingo, mas a verdade é que a névoa se dissipa. O ataque a Pedrinhas pode até
ser debitado ao que sobrou dessa névoa, ao que restou de corrupção, a uma
reação dos que tiveram interesses contrariados. Quem sabe? Como também pode ser
consequência da exasperação dos agentes do crime organizado querendo dar uma
demonstração de força num território que lhes era muito caro, mas não lhes
pertence mais.
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