Ricardo Pessoa é dono da UTC Constran,
empresa acusada de pagar propina de R$ 6 milhões ao governo Roseana Sarney para
liberação de pagamento de precatórios.
O
empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e Constran, citou o nome de pelo menos
seis parlamentares, entre eles um ex-ministro, envolvidos com as fraudes
investigadas na Operação Lava-Jato. O empresário fez referência aos políticos
em acordo de delação premiada que deve ser assinado ainda nesta quarta-feira
com o grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República encarregado dos
inquéritos sobre parlamentares aberto no Superior Tribunal Federal (STF). Entre
os políticos citados está o ex-ministro de Minas e Energia, o senador Edison
Lobão (PMDB-MA). No acordo, Pessoa prometeu devolver R$ 55 milhões.
O empresário, que estava em São Paulo
onde cumpre prisão domiciliar, deve chegar hoje a Brasília para assinar o
acordo na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR
Pessoa
vinha negociando o acordo desde janeiro. As tratativas tiveram início com a
força-tarefa no Paraná. Depois, o grupo de procuradores responsáveis pela
investigação de parlamentares assumiu o comando nas negociações.
O empresário chegou a ficar preso em Curitiba
em decorrência da Operação Lava-Jato, que investiga irregularidades na
Petrobras. No início de maio, foi solto em decisão da Segunda Turma
do STF.
SILÊNCIO DURANTE DEPOIMENTO
Pessoa, que é acusado de ser o
coordenador do cartel conhecido como “Clube das Empreiteiras”, preferiu ficar em silêncio ao ser
interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro, no último dia 04 de
maio. O silêncio de Pessoa já era um indício de que o empreiteiro estaria
próximo de assinar um acordo de delação.
Em fevereiro, durante o depoimento do delegado da
Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo, um dos coordenadores da
Operação Lava-Jato, ficou claro que Ricardo Pessoa, dono da UTC, negociava um
acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Na última
segunda-feira, o delegado da PF era interrogado pela Justiça do Paraná quando a
defesa de Pessoa tentou impugnar parte do depoimento, alegando que o delegado
não poderia dar informações relacionadas ao empresário por conta de um acordo
de delação premiada entre Pessoa e a Justiça.
Em
sua defesa prévia, entregue à Justiça Federal do Paraná, Ricardo Pessoa arrolou
entre as testemunhas o ministro da Defesa, Jaques Wagner, o deputado Arlindo
Chinaglia (PT-SP), candidato derrotado à Presidência da Câmara, além do
ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo e outros quatro deputados federais:
Paulinho da Força (SD-SP), Arnaldo Jardim (PPS-SP), Jorge Tadeu Mudalen
(DEM-SP) e Jutahy Magalhães (PSDB-BA).
Foi
chamado ainda o secretário municipal de Saúde de São Paulo, José de Filippi
Júnior, ex-tesoureiro da campanha de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006,
e da primeira campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2010.
As empreiteiras suspeitas de integrar o “clube do
cartel” têm contratos ainda vigentes com a Petrobras no valor total de R$ 44,6
bilhões, aditivados por 321 vezes, seja para
ampliar prazos de execução ou preços praticados. Ao todo, 65 contratos
permanecem ativos, dos quais 53 — 81,5% — foram firmados a partir de
cartas-convite da estatal e o restante, por dispensa ou inexigibilidade de licitação.
A UTC, por meio de um consórcio, executa obras no valor de R$ 3,9 bilhões, com
vigência até este ano.
A reportagem tenta contato com o senador Edison Lobão.
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