Dos Blogs Marrapá e John Cutrim
O lucro da Cemar (Companhia Energética
do Maranhão) com o Viva Luz era maior do que se imaginava. De acordo com o
programa criado pela então governadora Roseana Sarney, a empresa era
responsável pelo pagamento de apenas 35% do valor das contas do beneficiados.
Os 65% restantes eram pagos pelo governo federal, por meio da Tarifa Social de
Energia Elétrica (TSEE).
Em 2015 a Cemar receberia R$ 25 milhões
para pagar 1/3 do valor das
contas de energia de 30 mil famílias que consumissem até 50 kw. O acordo foi fechado
em 2014, pouco antes de Roseana renunciar. O programa seria dirigido pelo irmão
bastardo da governadora, José Jorge Leite Soares, que entre outras funções na
família ocupou a presidência do Instituo Mirante, suspeito de desviar recursos
da Eletronorte.
Mas o governo Flávio Dino acabou com a
farra. Extinguiu o programa, garantiu que todos os beneficiários fossem
contemplados com o pagamento da conta de energia elétrica por meio da TSEE,
redirecionou os recursos para a manutenção do Mais Bolsa Família, que atenderá
1,2 milhão de estudantes, e revelou um esquema das arábias.
A Cemar cobra do consumidor R$ 13 por 50
kwr (R$ 0,52 por kwh). Pelo Viva Luz, a empresa pagaria, por cada família
beneficiada no programa, R$ 4,55 (35%) e o governo federal R$ 8,45 (65%). Se
multiplicarmos R$ 4,55 (valor pago por família beneficiada) por 30.000 (número
de famílias beneficiadas) chegaremos ao valor mensal de R$ 136.500 e anual de
R$ 1.638.000.
Em suma: o contribuinte maranhense
pagaria R$ 25 milhões para a Cemar pagar a si própria R$ 1,6 milhão. Nem o
gênio da lâmpada poderia conceder um negócio melhor. (Leandro Miranda)
AFINAL, QUEM É DONO DA CEMAR?
As relações da Companhia Energética do
Maranhão (Cemar) com o Sistema Mirante de Comunicação voltaram às conversas
políticas depois que a empresa perdeu R$ 25 milhões do governo do Estado e
escolheu justamente os veículos da família Sarney para chorar pitangas. Voltou
também a pergunta: afinal, quem é o dono da Cemar?
Antes de ser privatizada em junho de
2000, a Cemar serviu como a porta de entrada do grupo Sarney no mundo das
companhias energéticas estatais. O escritor Palmério Dória conta em detalhes no
Livro “Honoráveis Bandidos”, como Fernando Sarney usou negócios com a Cemar
para conseguir recursos que financiaram a criação do Sistema Mirante de
Comunicação.
O grupo Sarney controla o setor elétrico
no país desde que a Presidência da República caiu no colo do patriarca, em
1985. Os donos do Maranhão até dezembro de 2014 só perderam parte do espólio
elétrico em janeiro deste ano, quando o senador Lobão foi demitido do cargo de
ministro de Minas e Energia. Ainda assim, os tentáculos dos Sarney continuam
firmes e fortes em empresas energéticas estatais ou privadas, caso da
Eletronorte e da Cemar.
Para explicar como Sarney continua
operando na Cemar mesmo depois da privatização, é preciso voltar no tempo e
rememorar o processo de desestatização da companhia.
Até hoje corre na Justiça uma ação do
Ministério Público Federal que investiga a possibilidade de subvalorização na
privatização da empresa. Para o MPF, a então governadora Roseana Sarney
desvalorizou propositalmente a Cemar com a finalidade de beneficiar o consórcio
de empresas que arremataram a estatal.
O MPF é claro ao dizer que a operação
gerou duplo prejuízo à população, uma vez que uma empresa que pertencia ao
Estado e, portanto, ao povo do Maranhão, foi vendida à preço de banana com
posterior redução da qualidade dos serviços prestados.
E por que Roseana Sarney vendeu a Cemar
à preço de banana? Porque há fortes indícios de que o negócio beneficiou
sobretudo o próprio grupo Sarney. Exemplo claro é a presença do senhor José
Jorge Leite Soares na diretoria da empresa.
José Jorge é amigo íntimo do empresário
Fernando Sarney (há quem diga que seja irmão), de quem recebeu uma procuração
para movimentar a conta do Instituto Mirante. Em 2009 a ONG foi suspeita de
desviar parte de uma verba de R$ 150 mil repassada pela Eletrobrás para
patrocínio cultural de festas.
José Jorge fazia a ponte para garantir a
entrada de recursos públicos do Programa Luz para Todos dentro da Cemar.
Em matéria publicada no ano de 2009, o
jornal “Folha de S.Paulo” mostrou os detalhes da relação do grupo Sarney com a
Cemar. Segundo a matéria, além de José Jorge, mais dois amigos maranhenses de
Fernando Sarney participavam da operação de arrecadação de recursos públicos
para a Cemar: o então diretor financeiro da Eletrobrás, Astrogildo Quental,
“que tinha como missão agilizar o repasse de verbas do programa ‘Luz para
Todos’ para a Cemar”, e o empreiteiro Henry Duailibe Filho, dono da Ducol
Engenharia, contratada para as obras de eletrificação. Segundo a Folha, a Ducol
recebeu R$ 51 milhões da Cemar.
Trocando em miúdos, mesmo privatizada, a
Companhia Energética do Maranhão continuou sendo um ninho de negócios
lucrativos para os Sarney, que drenaram recursos públicos para a empresa
operando dentro da empresa como se dela fossem os donos de fato.
E o dono da Cemar, o que comprou a
companhia do governo do Estado, nunca ninguém viu no Maranhão. (John Cutrim)
E as famílias que tinham energia de graça como é que ficam? Na briga entre Flávio Dino e Sarney quem fica com o prejuízo é povo. Parece que família Sarney tá muito preocupada, pois não vai ter mais dinheiro pra pagar a conta de luz.
ResponderExcluirSim, a família sarney faturou alto através da cemar, como diz a reportagem, neste caso o governo deveria buscar ressarcimento junto a cemar, mas não fez isso, achou melhor acabar com o programa e prejudicar as famílias beneficiadas que agora terão que pagar a sua conta de luz, mesmo que seja só 35% do consumo, antes não pagava nada. Será que a familia sarney vai deixar de pagar a sua conta de luz por causa disto? As famílias beneficiadas não querem saber quem é o dono da cemar, elas querem saber quem vai pagar a sua conta de luz. Bem ou mal o governo passado pagava, para estas famílias é isto que interessa.
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