Jorge Nurkin, ex-dirigente da Diamond Mountain, que
afirmou em depoimento à Polícia Federal que o ex-ministro de Minas e Energia e
senador Edison Lobão (PMDB-MA) era sócio oculto da holding sediada nas Ilhas
Cayman, paraíso fiscal caribenho, disse ao Estadoque
o nome do peemedebista era citado “diretamente, o tempo todo, todo dia” pelos
donos do grupo.
A suposta participação do ministro na holding – voltada, no Brasil, para
a captação de investimentos de fundos de pensão, fornecedores da Petrobrás e
empresas que recebem recursos de bancos públicos – é alvo de pedido de
inquérito encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. O ministro do Supremo Luís
Roberto Barroso deu prazo de 20 dias para que Lobão se manifeste sobre as
suspeitas.
Como o nome do
ex-ministro e senador Edison Lobão apareceu?
Luiz Meiches e Marcos Costa, donos da Diamond, me contaram que o então
ministro tinha entrado como sócio deles. Falavam no nome dele diretamente, o
tempo todo, todo dia. “Tio”, “Big Wolf”, “O Homem” eram referências que eles
faziam ao ministro Lobão.
Que evidências o
sr. tem de que Lobão participava do negócio?
Quando eles falaram que o ministro Lobão entrou no negócio, o escritório
do Marcio Coutinho, advogado do Maranhão ligado ao ministro, começou a
frequentar a empresa e a participar de tudo. Diziam que estavam lá
representando o Lobão. Eles trouxeram diversos negócios para a Diamond, como
reuniões com empreiteiras e um contrato de intermediação do Grupo Rede, de
energia, da área do ministro.
Como o ex-ministro
Lobão teria se associado à Diamond?
A matriz da Diamond em Cayman era gerida por um fundo de participação
onde é muito difícil descobrir quem são os participantes. O tempo todo eles
disseram que Lobão tinha 50% desse fundo. Os dividendos seriam pagos por meio
de cartões de crédito pré-pago.
Quando o senhor
percebeu algo estranho?
De dois a três dias por semana eu era proibido de entrar no andar da
MKR, empresa do Meiches localizada no prédio da Diamond. Diziam que estavam
sendo negociados assuntos do ministério, como quebrar multas na Agência
Nacional de Energia Elétrica.
O senhor participou
de reunião com Lobão no ministério? A troco de que teve essa reunião?
Apenas para eu escutar dele a estratégia da Petrobrás para o mercado do
álcool? Nunca houve interesse da Petrobrás nem deram sequência a isso.
Provavelmente era para mostrar relação com o ministro. Afinal, minha empresa
estava investindo R$ 8 milhões na Diamond.
O que era a “Terra
Santa” mencionada em conversas de Marcos Costa e Luiz Meiches anexadas ao
processo?
Cada vez que iam para o Maranhão eles diziam que iam para a Terra Santa.
O Meiches conversava com o senhor Edinho (Edison Lobão Filho, ex-senador),
filho do ministro. No relato dele, eles conversavam no helicóptero do filho do
senador, o Edinho.
O ministro é uma
vítima desse grupo ou é preciso investigar?
Sofri ameaça por escrito do Marcos Costa. Ele escreveu que o “Tio” tinha
50% da empresa; as consequências de eu denunciar seriam catastróficas. Na
carta, o Costa disse que o escritório Freitas Leite sabe quem é o “Tio”. Os investigadores
precisam perguntar a ele quem é esse “Tio”.
O advogado do Lobão
disse que isso é briga de quadrilha…
Após denunciar à Polícia Federal o esquema na Diamond, encontrei cocaína
no meu carro. É realmente uma coisa de quadrilha. Se o senhor Lobão não é sócio
da empresa, existe um “Tio” que é dono de 50%.
O que o senhor
espera do Supremo Tribunal Federal?
Acho muito importante que ouçam o ministro, que investiguem. Se o
ministro for sócio da empresa, que investiguem mais ainda. Se não for, que
tomem as medidas contra aqueles que estão usando o nome do ministro.
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