Editorial
JP, 13 de maio
Mesmo
para o impagável Albert Einstein, para quem “a distinção entre presente,
passado e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente”, talvez fosse
impossível separar o Maranhão do passado do Maranhão do presente e do futuro em
termos de ação política. O que vivemos por aqui foi o descontrole mais completo
da máquina pública, guiada ao Deus dará por mãos em geral desonestas e
desobedientes aos princípios básicos da administração.
Temos
lido e ouvido manifestações de alguns que acham que o atual governo deve
esquecer as mazelas que herdou do governo Roseana Sarney e apenas pensar o Maranhão daqui para a frente como se
nada houvesse acontecido. Primeiro, apagar a História é um ato de covardia com
qualquer povo; segundo, neste passado tão recente e tão longo estão as razões
da pobreza absoluta, do abandono da juventude e da infância; terceiro, se esse
passado não passasse seria por demais desastroso o futuro desse Estado.
A
violência que ainda hoje grassa em São Luís é fruto e consequência desse
passado. A falta de capacitação da mão de obra maranhense, principalmente dos
jovens, é consequência dos descalabros e do pouco caso com a educação no
Estado. Terceirizações criminosas ensinaram ao crime organizado que ele podia
ter o controle do Sistema Penitenciário do Maranhão. O êxodo rural que inchou
as grandes cidades tem origem na leniência com que o Estado tratou a grilagem,
a especulação imobiliária e a ação devastadora das monoculturas subsidiadas.
Esse
passado marcou o Maranhão de licitações fraudulentas, superfaturamentos e um
verdadeiro congestionamento de desvios de recursos públicos em todas as
direções, praticamente todas as Secretarias. O dinheiro do povo foi negociado
com a agiotagem e a falta de autoridade, porque também as autoridades estavam
comprometidas, confiscou ao Estado o poder de punir o crime de colarinho
branco. O Maranhão viveu isso em terras sem escolas, sem hospitais, sem ensino
médio, sem ensino profissionalizante e querem alguns filósofos do futurismo que
a sujeira desse passado seja atirada para debaixo dos tapetes.
O
Maranhão viveu isso na condição de estado mais pobre da Federação e se tornou
sinônimo incorrigível de vergonha com passagens quase diárias pelas páginas
policiais dos principais órgãos de imprensa do país. O passado construiu um
futuro de torpezas e alienação, de analfabetismo e analfabetismo funcional,
enquanto mentes anuviadas pela lavagem cerebral promovida nos meios de
comunicação viviam a ilusão permanente de que um dia tudo ia mudar.
Mas
eis que as cicatrizes todas do passado, traduzidas em pobreza, desalento, falta
de perspectiva, humilhação econômica, ainda estão aqui e ainda doem. O modelo
político que erigiu a impunidade como caminho para o poder e criou uma casta de
privilegiados em detrimento da grande maioria da população, deseja, de fato,
que seus crimes sejam esquecidos. Não dá. É preciso punir e divulgar os
culpados para que nada parecido nunca mais aconteça no Maranhão. Foi esse
futuro que o povo escolheu.
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