quarta-feira, 6 de maio de 2015

Pistolas, pistolagens e pistolões

Editorial JP, 06 de maio

Assim como nenhum crime consegue ser tão cruel quanto a tortura, nenhum crime consegue ser tão covarde quanto a pistolagem, a execução de desafetos e adversários por encomenda. E nenhuma covardia é tão deprimente quanto o uso de pistolões institucionais para a proteção de bandidos como, por exemplo, os agiotas que se alimentam de recursos públicos, seja da educação, da saúde, da merenda escolar das crianças.
O covarde assassinato do vereador Vavá, do PC do B e a prisão de agiotas e prefeitos na manhã de ontem, revelam bem o nível de conluio que se manteve no Maranhão entre o terror das pistolas e a excrescência dos pistolões usados para deixar em liberdade pistoleiros e agiotas que já há tanto tempo infestam o Maranhão. O crime protegido por figurões bem localizados na sociedade gerou a permissividade que tanto dor levou aos lares maranhenses. Muita gente foi morta por sicários de Belzebu armados até os dentes, pagos com o sangue de seus semelhantes e muita fome e desgraça a agiotagem nos cofres públicos renderam ao Maranhão.
As mudanças políticas no Estado podem ser sentidas porque gente desse tipo viveu tempo demais na impunidade. Houve momentos em que o crime organizado elegeu e até nomeou para cargos públicos pistoleiros, agiotas, atravessadores de assassinatos, mandantes, toda uma gente que enriquecia deixando no caminho um rastro de morte e de dor. Estamos, sem sombras de dúvidas, diante de uma nova mentalidade institucional e policial no Maranhão, que leva para a cadeia a bandidagem enriquecida às custas da miséria e dor alheias.
O Ministério Público, através do Graeco, e a Polícia Civil prenderam, ontem, mais uma leva de agiotas que agiam nos cofres dos empobrecidos municípios do Estado. Foram presos um prefeito, um ex-prefeito, empresários, algo que parecia impensável até bem poucos dias atrás. Por outro lado, a polícia está à cata dos pistoleiros que ceifaram a vida do vereador do PC do B, Cícero da Silva, sabendo agora os mandantes e atravessadores que não haverá mais contemplações com esse tipo hediondo de crime.
Por assim dizer, “cutucaram o cão com vara curta”, pois acostumados à impunidade garantida pelos pistolões e até por favores do Estado, não vão escapar, desta vez, nem pistoleiros nem agiotas, das dentadas da polícia, do Ministério Público e da Justiça do Maranhão.
Enquanto a mídia sarneisista “festeja” cada crime cometido hoje, no Estado, sentimos todos nós que mudaram enfaticamente as relações da polícia com a sociedade, que é só uma questão de tempo colocar nos eixos a segurança pública torpedeada por terceirizações imorais, reduzir cada vez mais o número de homicídios e assaltos. Mais policiais civis e militares e com melhores salários nas ruas, agentes penitenciários contratados e concursados pelo próprio Estado, instituições respeitáveis e nenhuma leniência com bandidos, sejam bandidos ricos, sejam bandidos pobres.

Pelo que se vê, a história do crime não será mais a mesma no Maranhão.

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