Editorial
JP, 06 de maio
Assim
como nenhum crime consegue ser tão cruel quanto a tortura, nenhum crime
consegue ser tão covarde quanto a pistolagem, a execução de desafetos e
adversários por encomenda. E nenhuma covardia é tão deprimente quanto o uso de
pistolões institucionais para a proteção de bandidos como, por exemplo, os
agiotas que se alimentam de recursos públicos, seja da educação, da saúde, da
merenda escolar das crianças.
O
covarde assassinato do vereador Vavá, do PC do B e a prisão de agiotas e
prefeitos na manhã de ontem, revelam bem o nível de conluio que se manteve no
Maranhão entre o terror das pistolas e a excrescência dos pistolões usados para
deixar em liberdade pistoleiros e agiotas que já há tanto tempo infestam o
Maranhão. O crime protegido por figurões bem localizados na sociedade gerou a
permissividade que tanto dor levou aos lares maranhenses. Muita gente foi morta
por sicários de Belzebu armados até os dentes, pagos com o sangue de seus
semelhantes e muita fome e desgraça a agiotagem nos cofres públicos renderam ao
Maranhão.
As
mudanças políticas no Estado podem ser sentidas porque gente desse tipo viveu
tempo demais na impunidade. Houve momentos em que o crime organizado elegeu e
até nomeou para cargos públicos pistoleiros, agiotas, atravessadores de
assassinatos, mandantes, toda uma gente que enriquecia deixando no caminho um
rastro de morte e de dor. Estamos, sem sombras de dúvidas, diante de uma nova
mentalidade institucional e policial no Maranhão, que leva para a cadeia a
bandidagem enriquecida às custas da miséria e dor alheias.
O
Ministério Público, através do Graeco, e a Polícia Civil prenderam, ontem, mais
uma leva de agiotas que agiam nos cofres dos empobrecidos municípios do Estado.
Foram presos um prefeito, um ex-prefeito, empresários, algo que parecia
impensável até bem poucos dias atrás. Por outro lado, a polícia está à cata dos
pistoleiros que ceifaram a vida do vereador do PC do B, Cícero da Silva,
sabendo agora os mandantes e atravessadores que não haverá mais contemplações
com esse tipo hediondo de crime.
Por
assim dizer, “cutucaram o cão com vara curta”, pois acostumados à impunidade
garantida pelos pistolões e até por favores do Estado, não vão escapar, desta
vez, nem pistoleiros nem agiotas, das dentadas da polícia, do Ministério
Público e da Justiça do Maranhão.
Enquanto
a mídia sarneisista “festeja” cada crime cometido hoje, no Estado, sentimos
todos nós que mudaram enfaticamente as relações da polícia com a sociedade, que
é só uma questão de tempo colocar nos eixos a segurança pública torpedeada por
terceirizações imorais, reduzir cada vez mais o número de homicídios e
assaltos. Mais policiais civis e militares e com melhores salários nas ruas,
agentes penitenciários contratados e concursados pelo próprio Estado,
instituições respeitáveis e nenhuma leniência com bandidos, sejam bandidos
ricos, sejam bandidos pobres.
Pelo
que se vê, a história do crime não será mais a mesma no Maranhão.
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