quarta-feira, 3 de junho de 2015

Dono da Constran confirma participação de Lobão e Roseana em corrupção na Petrobrás

O Globo 


A delação premiada do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, tratou de um suposto esquema de pagamento de propina em contratos de obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, segundo fontes com acesso às investigações no Supremo Tribunal Federal (STF). Pessoa, apontado como chefe do chamado “clube do cartel”, teria detalhado pagamentos envolvendo parlamentares do PMDB e gestores da Eletrobras Eletronuclear, órgão responsável pelas obras da usina. A delação é conduzida sob sigilo pela Procuradoria Geral da República.
O depoimento de Pessoa reforça o teor da delação do ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini. Ele também decidiu colaborar com a Justiça em troca de um alívio nas penas. Segundo Avancini, coube à UTC, com participação de Pessoa, convocar uma reunião para acertar propina ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear, entre eles o presidente da estatal, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva.
O executivo relatou uma organização em cartel das empreiteiras para fatiar contratos, como ocorreu na Petrobras. As revelações sobre o depoimento de Avancini foram feitas pelo “Jornal Nacional” em 25 de abril. O presidente da Eletronuclear se licenciou do cargo quatro dias depois.
INTEGRANTES DE CARTEL
A UTC e a Camargo Corrêa são acusadas de integrar o cartel que negociou contratos na Petrobras. Pessoa e Avancini ficaram presos em Curitiba devido ao suposto envolvimento no esquema. O dono da UTC aderiu à delação premiada após ser transferido para prisão domiciliar. O acordo é com a procuradoria, no âmbito das investigações em curso no STF, por conta das citações a autoridades com foro privilegiado.
O ex-presidente da Camargo Corrêa decidiu fazer a delação quando estava num presídio. Ele deixou o cárcere por conta da colaboração. Os depoimentos foram para a equipe de procuradores da força-tarefa em Curitiba.
A delação de Pessoa ainda está em curso e depende de homologação do STF. Já se sabe que ele citou como beneficiário do esquema o senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, e a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB). Os dois já são investigados em inquéritos no STF. Uma autoridade militar com atuação no setor elétrico também foi citada por Pessoa. O GLOBO não confirmou se a referência foi a Othon Luiz, da Eletronuclear. A Eletrobras afirmou que nenhuma irregularidade foi identificada até agora em Angra 3.

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