Em audiência sobre o caso do médico Jaime Gold, que morreu esfaqueado
durante um assalto na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio de Janeiro,
em 19 de maio, o Ministério Público solicitou na quarta-feira a condenação do
primeiro adolescente apreendido, de 16 anos, e a absolvição dos dois últimos,
de 15 e 17 anos. A postura surpreendeu a todos, já que o primeiro adolescente
sempre negou o crime, enquanto os dois últimos confessaram o ataque e
inocentaram o primeiro, afirmando que ele não participou do latrocínio.
“É uma situação que nunca vi na minha vida. Esperamos a sentença. A
única coisa que liga o adolescente ao fato é uma testemunha”, afirmou Alberto
Júnior, um dos advogados de defesa do primeiro adolescente. A audiência
terminou por volta das 22 horas e a juíza Michelle Gouvêa Pestana, da Vara da
Infância e da Juventude, vai proferir sentença a sentença no prazo de até dez
dias.
Os promotores Luciana Benisti e Renato Lisboa argumentaram à magistrada
que, isoladamente, as confissões dos jovens de 15 e 17 anos não comprovam a
participação deles no crime. Durante a audiência desta quarta, eles não foram
reconhecidos pela única testemunha ocular do caso, um frentista de 28 anos. Já
o primeiro adolescente apreendido voltou a ser reconhecido por esse homem,
segundo o defensor público Fábio Schwartz, advogado dos dois garotos que
confessaram o crime. “A confissão deles não se harmonizou com as provas. O que
os adolescentes dizem que fizeram não é corroborado com a principal
testemunha.”
A defesa do primeiro jovem reclama que pediu três acareações à Justiça e
que nenhuma foi autorizada. Segundo o advogado Djefferson Amadeus, outro
advogado do adolescente, o frentista afirmou nesta quarta que o autor das
facadas era branco. “O frentista diz de forma clara que quem deu a facada foi o
branco, o mais claro. O mais claro está lá”, declarou, referindo-se ao terceiro
jovem.
Na audiência foram ouvidas três testemunhas de defesa: o advogado
Rodrigo Mondego, que defendeu temporariamente o segundo adolescente apreendido,
e dois moradores de Manguinhos. Também depuseram seis testemunhas de acusação:
a delegada Patrícia Aguiar, da Divisão de Homicídios, o frentista que
testemunhou o crime e quatro policiais civis. Havia ainda uma testemunha pedida
pela juíza. O delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Divisão de Homicídios, disse,
ao deixar o Fórum Regional da Leopoldina, em Olaria (Zona Norte), que também
havia sido ouvido.
Convocada como testemunha de defesa, a delegada Monique Vidal, titular
da 14ª DP, não apareceu. O subsecretário municipal de Proteção Social Especial,
Rodrigo Abel, também falaria a pedido da defesa, mas foi dispensado.
Todos os suspeitos estão detidos, sob os cuidados do Departamento Geral
de Ações Socioeducativas (Degase). Na quarta, os advogados de defesa do
primeiro adolescente apreendido impetraram habeas corpus em favor do jovem, mas
foi negado pela desembargadora Denise Vaccari, da 5ª Câmara Criminal do TJ-RJ.
Nenhum comentário:
Postar um comentário