quinta-feira, 23 de julho de 2015

De pactos e monstros marinhos

JM Cunha Santos


A política é um mar estranho, muito estranho, no qual os monstros marinhos surgem de repente, do nada, sem qualquer aviso ou previsão e as bússolas trocam de mãos, da mesma forma de repente, para indicar que o Norte fica no Sul e o Sul fica no Norte, provocando mudanças geográficas dignas de tsunamis e terremotos.
Nos mares políticos do Maranhão, os mais antigos marinheiros, velhos lobo do mar, se perdem nas reentrâncias das marés, porque em determinados momentos, se duvidar, fogo molha e água queima e mais ninguém pode dizer o que está acontecendo.
O mais novo monstro marinho do Estado é um artigo do ex-governador José Reinaldo Tavares propondo uma espécie de Pacto de Moncloa, quiséramos nós fosse em águas de Espanha, entre o governo Flávio Dino e o senador José Sarney.
O artigo é um monstro que bota fogo pelas ventas, um dragão enorme, uma hidra de mil cabeças, não só pelo que propõe, mas pelo marinheiro que dele se nos aproxima perigosamente; um velho lobo do mar, conhecedor de todos os rios e afluentes e tido, por alguns, como um dos principais responsáveis pela expulsão de monstros marinhos, a começar pelo próprio Sarney, do poder no Maranhão: o ex-governador José Reinaldo Tavares.
O monstrengo provocou cãibras na classe política, deixou todo mundo embasbacado, estupidificado, quando não nauseado com a surpreendente mudança dos ventos no mar político do Estado. Porque de outros marinheiros, menos feridos, menos naufragados, poder-se-ia até esperar essa proposta de pacto e conivência com as hordas de Percy Jackson. Mas esse, marinheiro, particularmente, vestiu todas as armaduras para enfrentar os dragões de língua de fogo que, por quase meio século, perseguiram os pescadores de esperanças do Maranhão.
E a desculpa é o Estado, o soerguimento do Estado, o desenvolvimento do Estado, no fim o barco mais frágil da Federação, que monstros marinhos iguais a esse não tiveram piedade toda vez que, para saciar a própria fome, não relutaram em afundar.
E nós, aqui, pescadores fora d’água, temendo a volta das ventanias, dos maremotos a que tantas vezes resistimos, perguntamos se esse pacto incluiria o perdão das propinas que desalfabetizaram e imolaram nossas crianças, das malversações que desempregaram a juventude, das improbidades que saquearam futuros, do autoritarismo e tirania que calaram jornalistas e escritores ou simplesmente, outra vez sem esperanças, nos atiraríamos ao mar.

Pois esse é um motim que atenta até contra nosso instinto de sobrevivência e nos deixa com a sensação de que o navio foi abandonado, o capitão fugiu e se afogaram todos aqueles que dos monstros prometeram nos salvar.

Um comentário:

  1. ISTO TUDO É MUITO TRISTE, SINTO NOJO, VONTADE DE VOMITAR, MAS NOSSO POVO VAI CONSEGUIR IDENTIFICAR QUEM É JOIO E QUEM É TRIGO.

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