Laudo
do IML foi encaminhado à polícia na quarta-feira (15).
Cledenilson Pereira da Silva, 29, foi espancado até a morte em São Luís.
João Ricardo
Barbosa Do G1 MA
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de São Luís
encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) na quarta-feira (15)
revela que a morte de Cledenilson Pereira da Silva, de 29 anos, foi causada por
um facada no coração que ele sofreu durante o linchamento ocorrido no dia 6
deste mês, no Jardim São Cristóvão, após ter tentado assaltar um
bar na companhia de um adolescente de 16 anos.
"O filho do dono do bar viu aquela situação e
foi até o Cledenilson e o agarrou por trás. A partir daí começou a agressão.
Pauladas, garrafadas, socos e aí houve a utilização de uma arma branca tipo
faca, que o atingiu na altura do coração próximo também ao pulmão. Segundo o
laudo médico, esta foi a causa da morte", contou o delegado Guilherme
Sousa Filho, da DHC, na tarde desta quinta-feira (16).
Outro laudo importante para a conclusão das
investigações é o balístico. O documento vai servir para que a Polícia Civil
saber o motivo pelo qual o revólver calibre 38 foi acionado, mas não disparou
nenhum tiro. O prazo é de 30 dias a partir do crime.
Com base nos depoimentos do adolescente, quatro
pessoas estavam no bar escolhido pela dupla como alvo. Após anunciar o assalto,
Cledenilson tentou atirar contra uma pessoa no estabelecimento, mas a arma
teria falhado. Os dois acabaram dominados pelas pessoas.
Segundo o delegado Sousa Filho, por enquanto, cinco
já foram identificados como participantes diretos do linchamento, mas o número
pode aumentar nos próximos dias. Ele diz que a polícia teve dificuldades para
conseguir informações no local do crime.
"Foi muito difícil conversar com os moradores
da Rua Coronel Abílio. Eles não quiseram falar, pois são vizinhos e parentes.
Havia ali um silêncio total. Então desde a semana passada nos debruçamos sobre
as imagens feitas no local (que circularam nas redes sociais) analisamos passo
a passo com ajuda da perícia técnica e fomos identificando essas pessoas. Foram
fundamentais os três depoimentos prestados pelo adolescente", conta
Guilherme.
Policial filmando e nudez
Em alguns vídeos, é possível ver policiais militares filmando ao lado dos
moradores. Os policiais prestaram depoimento e, segundo o delegado, eles
explicaram que fizeram as imagens para registrar o crime como fazem em todas as
situações, mas, antes, eles constataram que Cledenilson não estava mais vivo.
Na sequência, desamarraram o adolescente o
colocando em uma viatura evitando que o linchamento se estendesse ao outro.
"Quando eles chegaram ao local, acionaram logo a sirene e foi isso evitou
a morte do adolescente", disse.
Outro ponto esclarecido pelo delegado foi que as
roupas do Cledenilson não foram retiradas propositalmente. "A necessidade
de sobrevivência faz com que as pessoas lutem até o fim de suas forças e o que
percebemos ao falar com as testemunhas foi que ele se debateu muito ao lutar
com os agressores e foi por isso que a roupa foi saindo do corpo e ele acabou
ficando naquele estado de nudez, pois em nenhum depoimento consta que a nudez
foi uma ação deliberada dos agressores", concluiu.
Entenda
A Delegacia de Homicídios de São Luís abriu um inquérito para identificar os
responsáveis pela morte de Cledenilson Pereira da Silva, de 29 anos, que foi
linchado após tentar assaltar um bar na companhia de um adolescente, no dia 6
de julho, no Jardim São Cristóvão, em São Luís.
Ambos foram surpreendidos pela reação dos clientes,
que iniciaram luta corporal e dominaram os suspeitos. Cledenilson foi amarrado
com uma corda em um poste, onde foi completamente despido e agredido até a
morte por populares.
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