Editorial
JP, 11 de julho
Eram
os gentios os donos da “terra brazilis” antes que os europeus aqui chegassem
tangidos pela ambição de expansão territorial e em busca de riquezas. No
Maranhão, os tupinambás fundaram São Luís, obra que, historicamente, foi
designada aos franceses.
Desde
então, a exploração dos indígenas não parou e se tornaram eles vítimas de males
e doenças até então desconhecidas, do contundente desenvolvimento industrial e
tecnológico e do bacamarte europeu que promoveram um genocídio étnico que os
reduziu a menos de 10 % da população havida naquela época.
A
dívida do “homem branco” com os índios é, portanto, enorme; uma dívida de
sangue e morte que, além de vidas, ceifou a grande maioria de seus costumes,
arrastados que foram por um imperialismo cultural e bélico que os deixou na
mais completa dependência das novas civilizações. As terras foram tomadas, as
tribos substituídas por cidades de ferro e os caciques por prefeitos e
governadores.
Mas
essa dívida impagável é com os índios, não com empresários que os manipulem em
favor do ganho pessoal e de questões políticas que mal conseguem entender.
Querem arrancar aos cofres públicos R$ 50 milhões de uma dívida sem documentos,
não ajuizada juridicamente e talvez nem contratada, um calote a mais dentre
tantos do governo anterior. É
sobejamente injusto que recursos da educação, da saúde e que podem ser
aplicados na própria qualidade de vida das aldeias, sejam repassados à conta de
uma dívida que ninguém pode sequer comprovar que existiu.
A
resposta do governo, de não pagar por contratos suspeitos e acumulados é a mais
correta. E o cuidado com as nações indígenas restou demonstrando com a criação
de equipes nas unidades regionais de educação destinadas a tratar
exclusivamente das escolas indígenas, com a retomada e conclusão de 56 novas
escolas e com um programa de assistência técnica que seria interrompido com o
sequestro de duas professoras, por determinação dos empresários do transporte
escolar. O governo não tem que pagar por essa dívida que, se existe, foi gerada
no governo anterior.
É
criminosa a manipulação dos indígenas por empresários e deputados que querem
arrancar aos cofres públicos R$ 50 milhões. É degradante a imagem de índios
acorrentados e famintos nas galerias da Assembleia Legislativa no despropósito
de atender a interesses políticos e pecuniários de particulares. É de uma
irresponsabilidade constitucional sem parâmetros sitiar uma instituição pública
usando pessoas relativamente inimputáveis para chantagear o governo.
No
último dia 8, caciques da Unidade Regional de Educação de Imperatriz se
reuniram na Seduc para debater com o governo ações propositivas relacionadas
com o transporte escolar. O diálogo, portanto, está mantido e, como disse a
secretária Áurea Prazeres, é necessário fazer mais pela educação indígena e
o governo está fazendo., inclusive com a
contratação de 933 novos professores para atuar nas aldeias.
A
dívida histórica da civilização com os indígenas só pode ser paga por este
caminho e não cedendo a chantagens e manipulações.
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