sábado, 11 de julho de 2015

Índios, chantagens e manipulações

Editorial JP, 11 de julho

Eram os gentios os donos da “terra brazilis” antes que os europeus aqui chegassem tangidos pela ambição de expansão territorial e em busca de riquezas. No Maranhão, os tupinambás fundaram São Luís, obra que, historicamente, foi designada aos franceses.
Desde então, a exploração dos indígenas não parou e se tornaram eles vítimas de males e doenças até então desconhecidas, do contundente desenvolvimento industrial e tecnológico e do bacamarte europeu que promoveram um genocídio étnico que os reduziu a menos de 10 % da população havida naquela época.
A dívida do “homem branco” com os índios é, portanto, enorme; uma dívida de sangue e morte que, além de vidas, ceifou a grande maioria de seus costumes, arrastados que foram por um imperialismo cultural e bélico que os deixou na mais completa dependência das novas civilizações. As terras foram tomadas, as tribos substituídas por cidades de ferro e os caciques por prefeitos e governadores.
Mas essa dívida impagável é com os índios, não com empresários que os manipulem em favor do ganho pessoal e de questões políticas que mal conseguem entender. Querem arrancar aos cofres públicos R$ 50 milhões de uma dívida sem documentos, não ajuizada juridicamente e talvez nem contratada, um calote a mais dentre tantos do governo anterior.  É sobejamente injusto que recursos da educação, da saúde e que podem ser aplicados na própria qualidade de vida das aldeias, sejam repassados à conta de uma dívida que ninguém pode sequer comprovar que existiu.
A resposta do governo, de não pagar por contratos suspeitos e acumulados é a mais correta. E o cuidado com as nações indígenas restou demonstrando com a criação de equipes nas unidades regionais de educação destinadas a tratar exclusivamente das escolas indígenas, com a retomada e conclusão de 56 novas escolas e com um programa de assistência técnica que seria interrompido com o sequestro de duas professoras, por determinação dos empresários do transporte escolar. O governo não tem que pagar por essa dívida que, se existe, foi gerada no governo anterior.
É criminosa a manipulação dos indígenas por empresários e deputados que querem arrancar aos cofres públicos R$ 50 milhões. É degradante a imagem de índios acorrentados e famintos nas galerias da Assembleia Legislativa no despropósito de atender a interesses políticos e pecuniários de particulares. É de uma irresponsabilidade constitucional sem parâmetros sitiar uma instituição pública usando pessoas relativamente inimputáveis para chantagear o governo.
No último dia 8, caciques da Unidade Regional de Educação de Imperatriz se reuniram na Seduc para debater com o governo ações propositivas relacionadas com o transporte escolar. O diálogo, portanto, está mantido e, como disse a secretária Áurea Prazeres, é necessário fazer mais pela educação indígena e o  governo está fazendo., inclusive com a contratação de 933 novos professores para atuar nas aldeias.

A dívida histórica da civilização com os indígenas só pode ser paga por este caminho e não cedendo a chantagens e manipulações.

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