Antônio e Maria José ainda não conseguem entender o que levou as pessoas a espancarem Cleidenilson até a morte. (Foto: Marcelo Theobald/Extra) |
No poste
que fica em frente ao número 25 da Rua Jaime Costa, no bairro de Jardim São
Cristóvão, em São Luís, no Maranhão, a marca de sangue ainda tinge o chão. Foi
ali que, na segunda-feira, Cleidenilson Pereira da Silva, amarrado e surrado,
morreu, após tentar assaltar um bar a poucos metros de distância. Próximo ao
palco da barbárie, o clima é de apreensão, e poucos comentam abertamente o
linchamento — os comerciantes da região, em sua maioria, ainda mantêm as portas
de seus estabelecimentos cerradas. O silêncio quase hegemônico, porém, não
significa arrependimento.
— O desfecho foi bom para todos, pois quem morreu foi o marginal —
sentencia, pedindo anonimato, uma filha do dono do bar que seria roubado.
Antonio Pereira da Silva e Maria José Gonçalves Pires discordam. Pai e
madrasta de Cleidenilson, os dois procuram entender não só o envolvimento do
filho no assalto (ele nunca tivera relação com crime), mas também a brutalidade
dos que espancaram o rapaz de 29 anos até a morte.
— A única coisa que eu queria perguntar a eles é como estão colocando a
cabeça no travesseiro — desabafa, entre lágrimas, a auxiliar de cozinha Maria,
considerada por Cleidenilson como sua mãe.
A mãe biológica entregou o filho para o lanterneiro Antônio quando o
menino tinha 2 anos, e nunca mais deu as caras. Mais novo entre quatro irmãos,
ele estudou até a oitava série (atual nono ano) e começou a usar cocaína aos
15, vício que manteve até o início da vida adulta. Nos últimos dez anos, passou
a utilizar somente maconha.
— Na nossa última conversa, no domingo à noite, eu disse que ele
precisava parar com isso. E ele prometeu que mudaria — conta Antonio.
Desempregado há dois anos, Cleidenilson fazia bicos variados para se
manter. Na segunda-feira em que morreu, pintaria geladeira para uma vizinha.
Com o dinheiro, gostava de fazer pequenos agrados à família. O último, no Dia
das Mães, foi uma TV de 14 polegadas dada a Maria.
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