Editorial
JP, 6 de agosto
Uma
frase do governador Flávio Dino, segundo a qual “o tempo em que o dinheiro
público vazava pelo ladrão acabou em nosso Estado, no dia 1 de janeiro”, serve
para ilustrar o início do pagamento de convênios firmados pelo governo Roseana
Sarney com as prefeituras municipais. Com a agravante de que, de um total de
600 contratos, em mais de 80 % os recursos não foram devidamente empenhados
pelo governo anterior.
Um
monumental calote que esconde outro tipo de calote, bem pior e mais
costumeiramente aplicado contra o povo do Maranhão. Quem se acostumou a
acompanhar o processo eleitoral no Estado tem uma ideia aproximada de quantos
convênios fantasmas foram celebrados e pagos, às vésperas de eleições, quase
sempre em período vedado por lei, para garantir apoio de cabos eleitorais. Cabos
eleitorais de todos os naipes - prefeitos, vice-prefeitos, vereadores,
presidentes de uniões e até de associações de futebol de areia, para subsidiar
determinadas candidaturas. Um calote contra o povo que jamais receberia os benefícios
descritos nesses contratos.
O
mais famoso e escabroso desses ajustes foi denunciado pelo deputado Rubens
Júnior. Celebrado entre o governo Roseana Sarney, através da Secretaria de
Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar (Sedes) e a ONG Instituto Vera
Macieira para “abertura de caminhos de acesso no município de Raposa”, o
convênio era um monumental engodo, pois o Instituto não tinha endereço, os
povoados onde deviam ser abertos os caminhos de acesso não existiam e o objeto
do convênio estiolou-se, pois dos R$ 5 milhões pagos à misteriosa ONG jamais se
teve notícias.
Outro
convênio famoso do governo Roseana, este no valor R$ 3 milhões, foi celebrado
com um Jardim de Infância do bairro São Francisco para, pasmem senhores,
construção de poços artesianos na zona rural. Imaginem só um Jardim de Infância
furando poços artesianos, obras que, naturalmente, nunca foram encontradas.
Mas
estes são apenas dois exemplos de como naqueles tempos o dinheiro do povo
“vazava pelo ladrão”. Estima-se que em 2010, um ano eleitoral, o governo
Roseana Sarney, somente através da Sedes, celebrou mais de mil convênios, no
valor de R$ 400 milhões, com associações e entidades filantrópicas fantasmas
para vencer a eleição.
Depreende-se
daí que o calote aplicado por Roseana Sarney aos prefeitos no apagar das luzes
de seu governo é nada ou quase nada, em termos de valores físicos e morais,
diante dos calotes que já foram aplicados ao povo maranhense para sustentar
eleitoralmente correligionários de Sarney. Quantas escolas, postos de saúde
deixaram de ser construídas, quantas estradas vicinais deixaram de ser abertas,
quantas ruas não foram asfaltadas, quanto do dinheiro do povo, afinal, foi
desviado, nesses anos todos, para garantir esse grupo no poder?
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