O Estado de São Paulo
A Justiça do Maranhão decretou nesta
quinta-feira, 24, a prisão preventiva e bloqueio de bens no valor de R$ 3
milhões do ex-secretário estadual da Casa Civil no governo Roseana Sarney João
Abreu. Segundo o delegado-geral de polícia do Maranhão, Augusto Barros, Abreu
foi procurado em todos seus endereços conhecidos mas não foi localizado. “Ele
está oficialmente na condição de foragido”, disse o delegado.
Abreu é suspeito de ter recebido R$ 3
milhões em propinas para garantir que o governo maranhense pagaria um
precatório de R$ 134 milhões à empresa Constran-UTC. O pagamento teria sido
intermediado pelo doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato. As
investigações do caso começaram na sede da Força-Tarefa da Lava Jato, em
Curitiba, mas a defesa recorreu e conseguiu que o caso fosse encaminhado para a
Justiça estadual no Maranhão.
O ex-secretário responde a inquérito ao
lado do doleiro Alberto Youssef, Rafael Ângulo Lopes e Adarico Negromonte
Filho, suspeitos de operar os pagamentos e o corretor Marco Antonio Ziegert, o
Marcão, suposto elo entre Yousseff e o governo do Maranhão.
O indiciamento se baseia em depoimentos
e delações premiadas colhidas pela Lava Jato e testemunhos da contadora de
Youssef, Meire Poza, e do sócio do doleiro no laboratório Labogen, Leonardo
Meirelles, feitas pela própria Polícia Civil do Maranhão.
Segundo os depoimentos, Negromonte e
Ângulo fizeram ao menos três viagens a São Luís a mando de Yousseff nas quais
levaram a propina em dinheiro vivo escondido no próprio corpo mas, de acordo
com a Polícia Civil maranhense, o secretário reclamou da falta de R$ 1 milhão
no montante da propina. Isso teria levado o próprio Youssef a ir até São Luís
para resolver pessoalmente o problema.
Youssef foi preso em um hotel de luxo
na capital maranhense no dia 17 de março de 2014. A prisão desencadeou a Lava
Jato. De acordo com a Polícia Civil, enquanto Yousseff era preso Marcão saiu do
hotel com a propina que seria entregue a integrantes do governo.
“Na oportunidade da prisão de Youssef,
Marcão não teria sido abordado pela Polícia Federal, embora estivesse no mesmo
hotel, e conseguiu efetivamente levar o dinheiro da propina para membros do
governo”, diz o relatório.
Em março deste ano, diante das
revelações feitas pela Lava Jato, a juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública do
Maranhão, Luiza Nepomucena, desobrigou o governo a pagar as parcelas restantes
do precatório. Na mesma época a Constran rescindiu o acordo feito com a
administração Roseana para quitação da dívida.
O governador do Maranhão, Flavio Dino
(PC do B), que sucedeu Roseana no Palácio dos Leões, determinou a criação de
uma comissão para apurar o caso.
O advogado de João Abreu, Carlos
Seabra, foi procurado por telefone mas disse que não podia atender à ligação e
retornaria em seguida. No ato do indiciamento ele negou veementemente que seu
cliente tenha recebido propina.
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