quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Ameaça de intervenção militar ronda o Brasil

JM Cunha Santos               


A presidente Dilma Roussef falou grosso no Congresso da CUT sobre “o golpismo de moralistas sem moral”. O comandante do Exército por ela nomeado, general Eduardo Villas Boas declarou, em inesperada e inédita videoconferência para 2.000 oficiais temporários, os R2, que vê o risco da atual crise virar crise social, o que diria respeito ao Exército.
E, em nota sobre as declarações do general-comandante, o Exército citou artigo da Constituição que afirma que as Forças Armadas “destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”, sob autoridade presidencial.
As razões dessa inédita videoconferência, tendo como protagonista o comandante do Exército, são, no mínimo, sombrias. Porque as referências históricas nos remetem aos dias que antecederam o golpe militar de 1964. O historiador Marco Antônio Villa, no livro “Ditadura à brasileira – A democracia golpeada à esquerda e à direita” (1964-1985), faz uma descrição que caberia como luva no Brasil de hoje: “Em 1964 o Brasil era um país dividido. Dividido e paralisado. Crise econômica, movimentos grevistas, ameaças de golpe militar, marasmo administrativo. A situação era muito tensa”.
Não tem muita diferença do clima que vivemos hoje.
Daí até que o general Gaspar Dutra fosse transformado em símbolo dos valores republicanos, no maior defensor da Constituição, embora tenha sido simpatizante dos nazistas e comemorado efusivamente, em sua casa, a queda de Paris, foi apenas um passo.
“A História só se repete como tragédia”. E essa surpreendente videoconferência, com  declarações tão bombásticas, tem cheiro de tragédia. Porque à esquerda a noviça democracia brasileira já foi golpeada pelo PT e à direita a cantiga da defesa da Pátria, da lei e da ordem é a mesma de 1964 e cheira a golpe. Um novo golpe, outro, a ameaçar as instituições democráticas. Talvez “sob autoridade presidencial”. Talvez não.
O presidente do R2, Sérgio Monteiro, terminou assim nota publicada após a palestra do Comandante do Exército: “Os tenentes estão de volta, prontos. Dê-nos a missão!” Se isso não é ameaça de intervenção militar...
Quem sabe para garantir a conclusão do mandato da presidente Dilma Roussef, quem sabe para erigir um novo Gaspar Dutra à condição de símbolo dos valores republicanos no Brasil.

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