quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Ataques à saúde pública

Editorial JP, 1 de outubro

Uma notícia perturbadora ecoou nos corredores da Assembleia Legislativa do Maranhão, através do deputado Eduardo Braide. Ele informou e se pronunciou em discurso sobre um absurdo corte de 6,8 bilhões no programa de saúde pública do Governo Federal. E avisou que o corte de recursos vai sair principalmente das Upas, e dos atendimentos de alta e média complexidade. O governo também vai zerar o repasse da Farmácia Popular em 2016. Com mais essa, os cortes do governo nos programas sociais chegam a R$ 25 bilhões.
Assim fica difícil devolver à presidente Dilma a popularidade também praticamente zerada, se ela mesma garantiu que protegeria os programas sociais. Vai mesmo o povo pobre pagar a maior fatia do bolo azedo cujo primeiro ingrediente foi a corrupção que gerou a crise econômica no Brasil. A saúde pública, neste país, já é um desastre. Com esses cortes gigantescos não demora muito e teremos uma multidão de doentes vagando pelas ruas sem qualquer possibilidade de atendimento.
Tudo era possível pensar, menos que se cobrasse da saúde do povo o preço da ineficiência governamental que arrastou o país para uma crise econômica aparentemente sem solução. Há muito de onde o governo tirar dinheiro para cobrir os rombos nas estatais e no próprio tesouro nacional. E, como disse o parlamentar, esse “pacote de maldades” vai sobrecarregar os combalidos sistemas públicos de saúde dos Estados.
Não tiveram coragem de se organizar para cobrar a sonegação bilionária que vitima o país, mas têm para fechar hospitais e deixar a população sem os providenciais remédios da Farmácia Popular. Isso vai atingir os aposentados e pensionistas e, na proporção em que está acontecendo, até diminuir o tempo de sobrevida de muitos brasileiros. Enquanto isso, o governo negocia cargos para aprovar vetos de cumplicidade e o extorsivo ajuste fiscal com que, dizem, vão salvar a economia do país.
Sinceramente, por essa ninguém esperava. Cortaram recursos do “Minha Casa Minha Vida”, do Programa Bolsa Família, das Universidades, do funcionalismo, prorrogaram pagamentos de salários, mas minar a saúde pública é um pouco demais para qualquer crise.

E a bomba vai estourar nos colos de governadores e prefeitos, nos estados e municípios, principalmente os mais pobres. Não podem prejudicar ainda mais a saúde pública neste país.

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