Editorial
JP, 16 de outubro
Pungente
a situação vivida pelos índios Ka’apor, no Maranhão, conforme descrita pelo
site Gonçalves Dias-MA News. Esse povo vive sob constante ameaça e, segundo
carta divulgada pelo Conselho de Gestão Ka’apor, fazendeiros e madeireiros insistem
em novas ofensivas contra a população indígena sem que de nenhuma forma se
manifeste o poder público.
As
aldeias da Terra Indígena Turiaçu estão cercadas de homens armados e as
lideranças sendo perseguidas por pistoleiros. Segundo o “Gonçalves Dias-MA
News” novas mortes podem ocorrer a qualquer momento. As denúncias indicam que
madeireiros e fazendeiros estão tocando fogo nos limites das terras indígenas e
o fogo já cercou uma das aldeias.
O
ódio dos madeireiros vem do fato de que, na tentativa de evitar a mais
criminosa devastação florestal, os próprios índios fazem, de forma
independente, a vigilância do território atacado. Com isso, os madeireiros
declararam guerra aos Ka’apor, especialmente nos municípios de Zé Doca, Nova
Olinda do Maranhão e Centro do Guilherme. Uma guerra injusta, cruel e
criminosa. A aldeia onde morreu Eusébio Ka’apor, assassinado em 26 de abril de
2015, conforme o site também está cercada por pistoleiros.
São
os indígenas os que verdadeiramente protegem a Amazônia e os mais interessados
na preservação das florestas. Sabe-se que resta muito pouco da mata amazônica
do Maranhão. Isto porque, seguindo Marina Lacôrte, da Campanha da Amazônia do
Greenpeace, a indústria madeireira no Maranhão está fora de controle.
A
extração ilegal e predatória de madeira infelizmente resiste aos órgãos
públicos e há muito tempo nesse Estado. Sejam órgãos federais ou estaduais, a
guerra da devastação florestal está sendo vencida por madeireiros e fazendeiros
no Maranhão. O policiamento florestal não tem forças para enfrentar a ganância
dos que sacrificam nossas florestas, sem contar as licenças compradas e o
suborno que ocorrem no entorno de algumas fiscalizações.
Mas
se, como parece comprovado, estão incendiando a floresta criminosamente para
afastar os indígenas de sua intentona protetora, vira caso de polícia. As
autoridades da segurança pública precisam investigar, com o maior rigor, esses
atentados contra Amazônia e expulsar da Terra Indígena Turiaçu os pistoleiros
que cercam as aldeias.
Ademais,
não se concebe que um povo historicamente assentado nesse estado e nesse país
seja obrigado a viver o inferno do fogo, da perseguição e da pistolagem para
que se satisfaça a ganância de uma gente sem escrúpulos que queima e derruba o
presente e o futuro dessa Nação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário