Brasília - A mansão em que vive o
senador Edison Lobão (PMDB-MA), vasculhada nesta terça-feira, 15, pela Polícia
Federal, está em nome de um dos filhos dele. Imponente, a casa de dois andares,
recém-erguida no Lago Sul, um dos pontos mais nobres de Brasília, acaba de
ficar pronta. Conforme profissionais que trabalharam na obra, conta com
recursos tecnológicos como sistema de automação, que permite controlar equipamentos
a distância, como sistema de som, ar condicionado; elevador e adega
climatizada. Imóvel do mesmo padrão, segundo corretoras de Brasília, custaria
cerca de R$ 7 milhões.
Lobão acaba de se mudar para o local,
que não foi alvo de mandado de busca. Os policiais estiveram em outro endereço
do senador, que, no entanto, optou por autorizar a entrada dos agentes em seu
novo lar. Consta como dono da casa o empresário Luciano Lobão, filho do
congressista, e a nora dele, Vanessa Fassheber Lobão.
Documentos de cartório mostram que o
terreno de 776 m2 custou R$ 700 mil em 2011. Corretores que atuam no Lago Sul,
contudo, afirmam que um lote nessa localização, com a mesma metragem, valia
naquele ano, quando o mercado imobiliário de Brasília estava aquecido, entre R$
2 milhões e R$ 2,5 milhões. A construção da casa é estimada por esses
especialistas em R$ 5 milhões. O investimento total seria, portanto, de cerca
de R$ 7 milhões, sem contar com os itens de decoração.
Em 2010, quando se candidatou e venceu
as eleições para o Senado, Lobão informou à Justiça Eleitoral ter R$ 5 milhões
em bens, entre eles outra casa no Lago Sul, declarada por R$ 637 mil.
Os policiais passaram ao menos três
horas no novo casarão nesta terça. Lobão e a mulher, a ex-deputada Nice Lobão,
acompanharam as buscas com o advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o
Kakay. Pouco falaram durante a ação.
Os agentes saíram levando o celular do
senador e um malote com documentos. "A casa é coisa de milionário. Está
meio vazia, porque ele (o senador) ainda está se mudando", disse uma das
testemunhas das buscas.
Lobão foi citado por delatores do
esquema de corrupção e pagamento de propinas instalado na Petrobrás entre 2004
e 2014. O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa afirmou
em delação premiada, em agosto de 2014, que o senador pediu a ele R$ 1 milhão
em 2008. O dinheiro seria para favorecer o consórcio da UTC engenharia nas
obras da usina de Angra 3. Na época, o peemedebista era Ministro de Minas e
Energia, cargo que ele ocupou até dezembro do ano passado. As declarações
constam da petição encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O ex-diretor financeiro da UTC Walmir
Pinheiro, considerado o braço-direito do dono da empresa, Ricardo Pessoa,
confirmou que o senador acertou suborno de R$ 1 milhão. Aos investigadores da
Operação Lava Jato, ele deu detalhes do pagamento. As entregas de dinheiro,
explicou, eram feitas a uma pessoa apresentada por Lobão e parte era levada de
carro de São Paulo a Brasília para não despertar desconfiança das autoridades
nos aeroportos.
O peemedebista nega envolvimento em
irregularidades.
O advogado de Lobão, Antônio Carlos de
Almeida Castro, o Kakay, afirmou que seu cliente não é o dono da mansão. Ele
explicou que o senador e a esposa se mudaram para o local há "cinco ou
seis dias" para morar de favor com a neta por alguns meses. Segundo o
advogado, o imóvel no terreno de quase 800 m2 foi construído por Luciano para a
filha de 18 anos.
O peemedebista estaria no local apenas
provisoriamente, enquanto a casa em que viveu por 40 anos, também no Lago Sul,
é reformada. "O filho dele (Luciano) é um cara bem de vida. O Lobão mora
na mesma casa há 40 anos. A casa precisou passar por reformas e ele se
mudou", disse Kakay.
Procurado pelo Estado, por telefone,
Luciano Lobão não quis falar com a reportagem.
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