Editorial
JP, 11 de dezembro
A
construção do regime democrático não acontece apenas quando se quebra uma ordem
ditatorial estabelecida; é preciso repor, paulatinamente, o estado de direito
que vem com a livre manifestação, a liberdade de expressão e o direito de
escolha. Períodos ditatoriais ocorridos de forma recorrente aleijaram a
democracia brasileira. Foi uma longa caminhada até o direito de escolher nossos
governantes, até que manifestações populares deixassem de ser tratadas como
crime de subversão, até a relativa liberdade de imprensa que temos hoje.
Podemos
lembrar os duros tempos em que diretores de escolas eram escolhidos por governadores
e prefeitos, geralmente por indicação de algum aliado poderoso para satisfazer
grupos políticos localizados em disputas eleitorais. Um diretor de escola,
assim, se transmudava para uma espécie de guardião dos interesses do poder, um
agente público designado muito mais para atender a interesses de chefes
políticos que para gerenciar uma escola. O diretor que não rezasse na cartilha
dos poderosos era sumariamente demitido ou transferido. Um verdadeiro ato de
tirania.
A
escolha dos gestores escolares em todo o Maranhão, hoje, por quase 500 mil
maranhenses é um marco na história das conquistas democráticas no Brasil. Uma
luta que, provavelmente, nasceu nas universidades, no limiar de regimes de
exceção que nomeavam reitores pusilanimemente preparados para justificar
aqueles regimes. E esse avanço democrático mais nos orgulha pelo pioneirismo do
Maranhão, que se inscreve na História entre os primeiros estados a realizar
eleições diretas para gestores escolares. Coincidentemente, a Bahia realizou,
também na data de ontem, a primeira eleição direta nas escolas.
A
eleição, que ocorre em 455 escolas do governo do Estado, com a participação de
toda a comunidade escolar, é mais um ato a revelar a transparência e a
inevitável predileção do governo pela democracia, a liberdade de escolha que
durante tanto tempo nos foi negada nos mais diversos setores da vida pública e
da vida privada. São mais de 400 mil eleitores cadastrados para mostrar,
votando, que democracia real não é apanágio apenas do primeiro mundo.
“Estamos
vivenciando um momento importante na educação do Maranhão. O governador Flávio
Dino compreende que a gestão escolar democrática é aquela que rompe com as
práticas individualistas e leva a produzir melhores resultados de aprendizagem
dos estudantes. Este é o exemplo que queremos dar”, afirmou a secretária de
educação, Áurea Prazeres.
E,
sem sombra de dúvidas, são exemplos como este que o Maranhão espera de um novo
modo de governar que nasce no Maranhão.
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