JM Cunha Santos
O
ano de 2015 está partindo e, consigo, leva franceses feridos e assassinados,
americanos chacinados. Leva a esperança de honestidade na vida pública
brasileira.
Não
são os ratos que jogaram no Congresso, nem a rapidez da Lava-Jato que, mesmo
assim, não encontra os quase R$ 7 bilhões que sumiram da Petrobrás. É o que
poderia ter sido feito pelo país com esse dinheiro. Isso humilha e dói.
Alguém
disse que o escárnio venceu o cinismo juntando mais lama infecta que pode ser
vista no município de Mariana. Mas não é a lama; é como a vida poderia ser
diferente sem a lama.
O
cérebro dos recém-nascidos diminuiu; o dos ladrões aumentou de tamanho, o dos
violentos cresceu até não poder mais. Assim como cresceu a voz dos que se
acostumaram a chacinar a liberdade até matar o Charlie Ebdo, na mesma época em
que o Padre Cícero, finalmente, nasceu na Igreja Católica.
O
futuro passou, enquanto pedaladas fatais nos faziam entender que sempre fomos
velhos, nunca houve adolescência, inocência, úteros e tantas outras mentiras em
que fomos obrigados a acreditar.
Por
isso, a língua portuguesa pegou fogo e os refugiados da insanidade humana
fugiram e foram viver em algum lugar desconhecido entre o céu e a terra, mas
bem longe dos corações.
O
diferente precisa sofrer, foi o que aprenderam e até Papai Noel se vestiu de
bandido quando o fizeram acreditar que a corrupção é a mais humana de todas as
atividades.
Se
houve alguma luz, acenderam bem longe de nós; se houve alguma paz, não nos
deixaram sentir. E é difícil dizer isso enquanto os fogos de artifício queimam
a noite, disputam horários com as estrelas. É difícil, mas é preciso dizer.
“Hoje
a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem quiser, quem vier”, eles
disseram. Mas há atiradores nas festas, nas escolas, há homens-bombas nos
estádios de futebol e os entorpecentes vendem muito mais que flores e maçãs.
2015
se foi. Mas se for para ser igual, ou pelo menos parecido, fique por onde está,
2016.
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