sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Fique por onde está 2016

JM Cunha Santos                         


O ano de 2015 está partindo e, consigo, leva franceses feridos e assassinados, americanos chacinados. Leva a esperança de honestidade na vida pública brasileira.
Não são os ratos que jogaram no Congresso, nem a rapidez da Lava-Jato que, mesmo assim, não encontra os quase R$ 7 bilhões que sumiram da Petrobrás. É o que poderia ter sido feito pelo país com esse dinheiro. Isso humilha e dói.
Alguém disse que o escárnio venceu o cinismo juntando mais lama infecta que pode ser vista no município de Mariana. Mas não é a lama; é como a vida poderia ser diferente sem a lama.
O cérebro dos recém-nascidos diminuiu; o dos ladrões aumentou de tamanho, o dos violentos cresceu até não poder mais. Assim como cresceu a voz dos que se acostumaram a chacinar a liberdade até matar o Charlie Ebdo, na mesma época em que o Padre Cícero, finalmente, nasceu na Igreja Católica.
O futuro passou, enquanto pedaladas fatais nos faziam entender que sempre fomos velhos, nunca houve adolescência, inocência, úteros e tantas outras mentiras em que fomos obrigados a acreditar.
Por isso, a língua portuguesa pegou fogo e os refugiados da insanidade humana fugiram e foram viver em algum lugar desconhecido entre o céu e a terra, mas bem longe dos corações.
O diferente precisa sofrer, foi o que aprenderam e até Papai Noel se vestiu de bandido quando o fizeram acreditar que a corrupção é a mais humana de todas as atividades.
Se houve alguma luz, acenderam bem longe de nós; se houve alguma paz, não nos deixaram sentir. E é difícil dizer isso enquanto os fogos de artifício queimam a noite, disputam horários com as estrelas. É difícil, mas é preciso dizer.
“Hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem quiser, quem vier”, eles disseram. Mas há atiradores nas festas, nas escolas, há homens-bombas nos estádios de futebol e os entorpecentes vendem muito mais que flores e maçãs.

2015 se foi. Mas se for para ser igual, ou pelo menos parecido, fique por onde está, 2016.

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