Editorial JP, 11 de fevereiro
Na majestosa canção “Paz”, o grupo Roupa
Nova dizia: “Sinta: chega o tempo de enxugar o pranto dos homens”. E isso faz
lembrar que nada é mais inadiável que conter a violência urbana, fruto do
desespero e da loucura humanos; assenta em nossas memórias que o governo do
Maranhão acaba de instituir a coordenação do “Pacto pela Paz” que, para além da
indispensável repressão, fator inevitável de proteção à sociedade compungida, é
preciso, como frisou o governador Flávio Dino, prevenir a violência.
Talvez nunca venhamos a entender porque
a cólera tem mais poder nos corações que a ternura, porque a ganância, em todas
essas décadas, tem sido mais forte que a compaixão. Mas o animal impiedoso que,
genericamente, temos enfrentado, nestes tempos todos, encontra uma sociedade
unida, em princípios e propósitos, para esmaecer a inevitabilidade dos
confrontos sociais e individuais. “Todo homem nasce bom por natureza, é a
sociedade que o corrompe”, disse Jean Jacques Rousseau. Talvez nem seja assim,
mas o contrato social que fizemos não nos permite ferir, ofender, matar e estar
acima das leis. Em nome de nada, de nenhuma dor, nenhuma ambição.
O Pacto pela Paz é um chamamento à
sociedade civil, às comunidades, para a identificação das fontes de violência,
(o tráfico de drogas, por exemplo) uma articulação social envolvendo igrejas,
entidades, forças policiais na temática da prevenção e combate aos crimes
contra a vida e o patrimônio. Mais uma vez, palavras do governador.
Emerge, dessas decisões, a notável
constatação de que a Secretaria de Segurança Pública prepara a polícia não
apenas para reprimir ou prender. Um bebê foi salvo em São Luís por um policial
militar treinado também em primeiros socorros. E o inusitado deste
acontecimento é que, com este ato, o policial referenda o sentido maior do
Pacto pela Paz.
E constata o jornalista Gilberto Lima
que a bandidagem não conseguiu botar o bloco na rua no carnaval de 2016 em São
Luís. Mais um motivo para crermos que chegou o tempo, também no Maranhão, de
enxugar o pranto da sociedade. Lembrando que o mês de janeiro deste ano
registrou uma redução de 25 % no número de homicídios em relação a janeiro de
2015.
O Pacto pela Paz estará sob o comando
dos secretários de Segurança Pública, Jefferson Portela e dos Direitos Humanos,
Francisco Gonçalves, com apoio de diversas secretarias de Estado e participação
inevitável dos Conselhos Comunitários. Percebemos, pois, que, apesar dos
oceanos de lágrimas provocadas por anos e anos de violência permissiva, finalmente,
no Maranhão, um governo age para enxugar o pranto da sociedade.
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