A 23ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira pela
Polícia Federal, esmiuça as informações contidas em uma planilha anexada a um
e-mail secreto do executivo da Odebrecht Fernando Migliaccio da Silva. O
documento, que traz siglas acompanhadas de valores, foi uma das principais
provas colhidas no âmbito da Operação Acarajé. Em uma das anotações está
escrito “Prédio (IL)”, ao lado da quantia de 12,4 milhões de reais. A PF
investiga se as letras se referem ao Instituto Lula
“A equipe de análise consignou ser possível que tal rubrica faça
referência ao Instituto Lula”. Os investigadores aventaram a possibilidade de o
dinheiro ter sido usado na construção do prédio do Instituto Lula, na Zona Sul
de São Paulo. “Assim, caso a rubrica ‘Prédio (IL)’ refira-se ao Instituto Lula,
a conclusão de maior plausibilidade seria a de que o Grupo Odebrecht arcou com
os custos de construção da sede da referida entidade e/ou de outras
propriedades pertencentes a Luiz Inácio Lula da Silva”, diz o texto. De acordo
com o registro, o dinheiro teria sido repassado em parcelas de 3,1 milhões, 8,2
milhões e 1 milhão de reais.
A PF, no entanto, fez a ressalva de que a conclusão pode estar
“equivocada” e indica a necessidade de prisões cautelares de executivos da
Odebrecht, como Fernando Miglaccio, para explicar melhor os significados das
anotações. “O possível envolvimento do ex-presidente da República em práticas
criminosas deve ser tratado com parcimônia, o que não significa que as
autoridades policiais devam deixar de exercer seu mister constitucional”, diz a
PF no inquérito.
A polícia ainda cita uma mensagem do ex-presidente da Odebrecht, Marcelo
Odebrecht, mencionando a palavra “Prédio”. “Liberar p/ Feira pois meu pessoal
não ficou sabendo. Deixar prédios com Vaca”, diz a mensagem interceptada pela
força-tarefa da Lava Jato. Segundo as investigações, Feira seria o
ex-marqueteiro João Santana e Vaca o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto,
ambos suspeitos de envolvimento no escândalo da Petrobras.
Apesar de ter um mandado de prisão contra ele, Migliaccio não foi preso
porque está nos Estados Unidos desde que a PF deflagrou a Operação Erga Omnes,
que tinha como alvos principais a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, em junho do
ano passado. A polícia descobriu que Migliaccio usava um e-mail sigiloso para
tratar de questões suspeitas – o endereço erao.overlord@hotmail.com. A planilha
teria sido produzida pela secretária de confiança da Odebrecht Maria Lúcia
Guimarães Tavares, que foi presa nesta segunda-feira em Salvador.
A Odebrecht também foi apontada como uma das empreiteiras que pagou
parte da reforma do sítio de Lula em Atibaia (SP). Na ocasião, a empreiteira
negou ter patrocinado obras no imóvel.
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