Editorial JP, 02 de março
“Sucursal do Inferno”, “Caldeirão do
Diabo”, eram esses os codinomes epitetados pela imprensa ao Complexo
Penitenciário de Pedrinhas até 2014, num ambiente terrível de decapitações e
esquartejamentos, fugas e alienações administrativas que espalharam sua fama
pelo mundo. Os olhos da anistia internacional e de entidades mundiais de
direitos humanos não saíam daqui, pois de dentro do Complexo, o crime
organizado disparava ordens de execução, pânico e aliciamentos que
aterrorizavam São Luís.
Um balanço recente da Secretaria de
Justiça e Administração Penitenciária, 14 meses depois da instalação do governo
Flávio Dino, coloca o Complexo Penitenciário, o tal “Caldeirão do Diabo”, a
caminho da humanização. A redução no número de homicídios atingiu -76,47
% e o índice de fugas -72,16 %. E é tão certo que a inépcia administrativa
pagava a sua culpa nesse quadro de terror que, para tanto, bastaram medidas
simples como separar os presos em prol da integridade física deles mesmos. Não
houve também neste período um único registro de motins e rebeliões.
O ineditismo da mudança histórica que
aconteceu em Pedrinhas pode ser medido também pelo fato de que há exatos 9
meses não há o registro de um único homicídio dentro dos muros da
Penitenciária. A falta de vontade política que serviu para abastardar a
convivência entre os presos, visto que o governo anterior parecia mais
preocupado em fazer valer os ganhos da terceirização que as exigências da Lei
de Execuções Penais, foi afastada a partir de 2015. E isso com a regulamentação da entrada
de alimentos, com o oferecimento de 4 refeições por dia, kits de higiene
pessoal com até 9 itens a cada 20 dias, fardamentos a cada 2 meses e colchões a
cada seis meses.
Por outro lado, o governador Flávio Dino
já deu cumprimento a 30 % do Termo de Compromisso ajustado com o presidente do
Conselho Nacional de Justiça, ministro Ricardo Levandovski, referente a obras
de reforma, ampliação e construção de unidades prisionais no interior do Estado
com o fim de combater a superlotação. Até o momento, já foram criadas 924 novas
vagas prisionais em Balsas, Açailândia, Imperatriz e Pinheiro e estão previstas
mais 880 para este ano. O processo de construção do Presídio São Luís IV, com
vagas para 120 internos foi iniciado e uma nova unidade, ao lado da Penitenciária
de Pedrinhas deve garantir mais 682 vagas no sistema penitenciário do Estado.
Hoje, saindo do zero, 11% da população
carcerária está em salas de aula e 1.417 internos em cursos preparatórios para
inserção no mercado de trabalho após cumprirem suas penas. A substituição
gradativa de suspeitas terceirizações garantiu uma economia de R$ 20 milhões,
de forma que 1830 servidores estão qualificados e 1460 contratados para
trabalhar no sistema carcerário.
Vê-se, logo, que a humanização de
Pedrinhas sempre foi possível. O que faltava era aptidão para governar.
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