Editorial JP, 24 de março
O Atlas da Violência no Brasil,
divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada-Ipea, traz uma
estatística alarmante: quase 60 mil pessoas foram assassinadas no Brasil em
2014, com a agravante de que as vítimas desses homicídios se situam na faixa
etária entre os 15 e 29 anos. Em outras palavras, na esteira do narcotráfico, a
juventude brasileira está se matando nas ruas.
No Maranhão, entre os anos de 2004 e
2014 houve uma evolução de 244,3 % no número de homicídios, configurando,
porém, uma redução de 12% nessa modalidade de crime na Região Metropolitana de
São Luís em 2015. Entendendo-se que essa região esteve sempre em primeiro lugar
no ranking do Ipea, com o maior número de assassinatos.
Esta redução, que supera em mais que o
dobro a meta de 5% estabelecida pelo Pacto Nacional, deve-se a uma total
inversão da política de segurança pública a partir do governo Flávio Dino, a
começar pela redução do déficit de profissionais de segurança do Estado, um dos
maiores do país. Mil e quinhentos novos policiais, entre civis e militares,
foram incorporados ao sistema de segurança, sem contar o reaparelhamento que
colocou 80 novas viaturas nas ruas e uma série de treinamentos e qualificações
operadas nas polícias Civil e Militar do Estado. Nas palavras do Secretário de
Segurança, Jefferson Portela “A integração das polícias civil e militar, com
adequado reaparelhamento da radiocomunicação e a atenção às curvas de variação
da criminalidade – modalidades e localidades – colaboram na elaboração de
estratégias específicas e mais diretas de combate à violência e a
criminalidade.
Essa é uma guerra a vencer em todo o
país: a guerra contra o ódio, contra a violência paga nos subterrâneos da
sociedade. Conclamar a sociedade todos os dias contra esse terrível estágio de
inadequação aos limites da lei, da solidariedade, à luta pelo melhor, pelo bom,
é dever de todos os homens de boa vontade. São mais crimes de homicídio que em
muitas guerras ocorrentes em diversos países. Os sonhos de paz e concórdia se
anulam se também o poder público não for capaz de restringir os índices de
criminalidade e violência, tenham elas as origens que tiverem. É, além, de
incompreensível, inacreditável que um número tão alto de jovens e adolescentes
sucumbam sob as ordens da violência financiada pelo banditismo.
Mas a notícia de que no Maranhão, 10
anos depois, foi possível reduzir a escalada de assassinatos na região
metropolitana de São Luís, é um sinal de esperança, uma confirmação de que nem
tudo está perdido, embora custe-nos esperar pela vitória do bem contra o mal.
Este, infelizmente, é um mundo de terror, no qual, pelas mais fúteis razões,
inclusive políticas e religiosas, os homens se matam. A vida em sociedade impõe
diferenças, destaca, cria privilégios. E essa é também uma das origens dessa
violência desmedida, como a ambição que paga a violência financiada. Mas o que
não podemos é desistir da oportunidade de fazer alguma coisa pela construção de
um ser humano melhor, de uma sociedade em que todos possam viver em paz.
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