Do G1
Donato Brandão Costa, fundador da seita Mundial, no
Maranhão
(Foto: Reprodução)
|
Preso na última terça-feira (26) em Petrópolis (RJ), Donato Brandão
Costa, de 45 anos, foi condenado no Maranhão pela castração de jovens em
‘ritual de preparação espiritual’ de uma doutrina criada por ele em 1996. Ele
morava há três anos na cidade com outros maranhenses seguidores da seita, e foi
encaminhado ao Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu (RJ) .
Donato Brandão Costa foi preso em abril de 1999, e levado para a
delegacia de polícia do bairro do Anjo da Guarda, em São Luís , acusado de
participar de seita denominada ‘Brandanismo’, estabelecida na praia do
Aracagi, entre as cidades de São Luís e São José de Ribamar (MA) – na Região
Metropolitana. Ele foi considerado o líder da seita, na qual, segundo a
Justiça, os seguidores lhe deviam obediência irrestrita e onde aconteciam
rituais de purificação, entre eles de jejuns superiores a sete dias,
espancamentos e violência sexual, com a prática de homossexualismo masculino,
culminando com a extirpação dos órgão genitais. Ao menos três vítimas feitas
por Donato foram identificadas à época: José Ribamar Sousa Cidreira, Rejano de
Jesus Moraes e Israel Raphael de Jesus Brandão Costa.
Em 1996, Donato fundou a Moderna Unidade Normativa de DesenvolvimentoIntelectual
da América Latina (Mundial). A organização tinha como objetivo o ‘fomento de
desenvolvimento intelectual’, com seguidores em seis Estados brasileiros.
Denunciado pelo Ministério Público do Maranhão (MP-MA), Donato foi condenado a
28 anos e oito meses de reclusão.
“Ele era outro salvador. Jesus Cristo já tinha vindo e voltado. Ele era
maior que Jesus Cristo, por que ele era o novo. Jesus Cristo veio e já foi. Ele
veio e ficou ainda”, disse em entrevista à TV Mirante no ano de 1999 Antônio
Soares, seguidor que ficou 10 dias em poder da seita, mas conseguiu escapar.
Ele contou que era obrigado a ouvir a mesma música por vários dias.
Donato Brandão Costa exigia reverência dos seguidores e tinha momentos
de intimidade com alguns deles. Sexo, só com o ‘Pai’, e para todo pecado, havia
um castigo.
Até os homens contratados para executar o ‘sacrifício’ em nome da seita
ficaram espantados com o serviço. “Me jogaram no chão e foram direto para fazer
o serviço. Depois que fizeram em mim... interessante que o meu foi muito lento e
o do Rejane e o do José de Ribamar foi muito rápido. Me cortaram com uma faca
de serra”, contou uma das vítimas, Israel Brandão Costa, à TV Mirante em 2002.
Tramitação na Justiça
De 1999 a 2010, a defesa de Donato Brandão Costa fez sete pedidos de
habeas corpus e recorreu nove vezes, segundo movimentação no Tribunal de
Justiça do Maranhão (TJ-MA)
Em 2003, inconformada com a decisão dos acórdãos, a defesa interpôs recursoextraordinário
ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2006, a defesa pediu a revisão criminal,
requerendo a nulidade absoluta do processo criminal e a retirada do nome de Donato
Brandão Costa do rol dos culpados, restando sua permanência na prisão em razão
do cumprimento da pena por outra condenação, na comarca de São Paulo – por
praticar ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
Em maio de 2010, um agravo de instrumento em execução penal
interposto em desfavor do MP-MA pediu a reforma da decisão do juízo da 1ª Vara
da Comarca de Paço do Lumiar (MA) que indeferiu o pedido de livramento
condicional. Em março de 2011, o processo foi arquivado na Coordenadoria de
Arquivo e Documentos Históricos do TJ-MA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário