Editorial
JP, 13 de maio
O
Brasil amanheceu com um novo governo e o PT volta à oposição com boa parte de
seus principais líderes e aliados respondendo a processos na Justiça. O país,
em plena recessão, vive a expectativa de que seus novos dirigentes consigam colocar
a economia nos eixos, a partir, inclusive, de um choque de gestão que asfixie o
fisiologismo muitas das vezes legalmente permitido, o toma lá dá cá que
institucionalizou a corrupção, para que o povo respire aliviado de toda a
tensão vivida nos últimos anos.
A
Nação inteira foi às ruas em protesto contra a corrupção que desligou o modelo
econômico, a aventura de uma luta sem tréguas pelo poder que seviciou as
instituições, afastou os investidores internacionais e salgou ao limite da
carne seca a democracia brasileira. Deste episódio, muitas lições podem ser
tiradas, mas a principal delas é a de que as aspirações políticas e partidárias
não podem obedecer às regras de um
vale-tudo. E a grande missão do novo governo é unir o país em torno de um
projeto de salvação nacional, pois o Brasil se tornou um país com um povo
sofredor e sem qualquer confiança no mercado mundial.
Tarefa
de gigantes é vencer o desemprego, a inflação, a imoralidade, recuperar a
confiança internacional, sequenciar e cristalizar os programas sociais que,
indubitavelmente, se tornaram vitais para a população mais carente do país. Mas
sabemos todos nós que não há coelhos nessa cartola e que, portanto, os mágicos
devem esquecer seus truques e encarar a realidade dos dias difíceis que
vivemos. De Fernando Collor de Mello para cá, passando por Sarney e culminando
em Dilma Rousseff, o povo já pegou tanta porrada que até o ringue esbandalhou.
Precisa
de um alento, precisa de juízes imparciais; pelo menos de luvas mais leves
batendo contra sua cara.
É
a esse povo que todos devem ouvir, independente de suas convicções políticas,
de ser governo ou ser oposição, de ser de esquerda ou ser de direita, posto que
o grito é tão evidente que nem precisa mais falar. O povo quer emprego, o povo
quer comida, o povo quer saúde, o povo quer perspectiva de futuro, o povo quer
o fim da corrupção. Façam isso, é por aí que deve começar a reconstrução da
economia nacional. Até fazer oposição, neste primeiro momento, deve ser uma
tarefa de visionários, de pessoas inevitavelmente preocupadas com o sofrimento
da população.
O
encolhimento do Estado, com a redução do número de Ministérios não basta. Já
faz tempo que o Brasil prescinde de uma reforma tributária, uma reforma da Previdência
e, a nosso ver, uma reforma partidária capaz de fazer surgir agremiações menos
fisiológicas, dessas que a gente não conhece mas têm, de fato, um programa de
governo.
A
democracia, como dissemos, foi salgada ao limite da carne seca; se a queremos
fora desse sol escaldante, precisamos ter a coragem de enfrentar os problemas
do Brasil, de fazer o que o Brasil está cansado de pedir, de minar a força da
corrupção e limitar à honestidade e à legalidade as disputas de poder.
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