terça-feira, 31 de maio de 2016

O Maranhão num cenário de vergonha nacional

Editorial JP, 31 de maio


Faltava Sarney e ele foi apanhado nas gravações do explosivo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Gravações que indicam que Sarney pode ter se beneficiado do esquema de corrupção montado na Petrobras pelo delator e que informam a participação do maranhense numa espécie de complô de obstrução à Justiça, cujo objetivo maior seria estancar os efeitos da Lava Jato, protegendo supostos criminosos e até condenados que já estariam pagando por seus crimes nas grades da Justiça Federal.
Essa situação se revela tempos depois do rumoroso caso do pagamento de propina da UTC Constran, através do doleiro Alberto Youssef, valor calculado em 3 milhões de dólares, a gente do governo Roseana Sarney, ou a ela mesma, pela liberação de um precatório de mais de 100 milhões de reais. Revela a podridão instalada no estado até o ano de 2014, com o surgimento de um esguio personagem maranhense, o senador Edison Lobão, citado em praticamente todas as delações consubstanciadas na correr dessa operação.
Lobão, junto com Renan Calheiros, Romero Jucá e Collor de Melo caíram nas malhas da Procuradoria Geral da República que, conforme o noticiário nacional hesitaria hoje entre pedir a prisão ou a condução coercitiva dos quatro no que seria a reencarnação da Operação Senatus. E, para sedimentar ainda mais esse cenário de vergonhas, Roseana e Lobão ressurgem nos depoimentos do ex-deputado condenado Pedro Correa.
É bomba por cima de bomba. Parece até o paiol de pólvora da canção de Vinícius e Toquinho nos anos 70.
Percebe-se, logo, que todo aquele ensaio de retorno ao poder do grupo Sarney por tabela, em virtude do afastamento da presidente Dilma Rousseff e assunção do vice-presidente Michel Temer, tende a se esgotar nas incursões da Procuradoria Geral da República, do Supremo Tribunal Federal e da própria Operação Lava Jato. Os que governaram o Maranhão até o ano de 2014 estão atolados nessa sujeira da Petrobras até o pescoço, essa é uma verdade incontestável a lhes tirar o lastro de poder que pudesse ter sobrado no pós-impeachment. Recolocam o Maranhão no cenário de vergonhas do passado e se tornam nada mais que matéria de constrangimento para o governo Michel Temer.

O mais grave de tudo isso é a novidade da tentativa de obstrução da Justiça. Sem contar que do “pé de ministros” de Michel Temer as frutas estão caindo de podre, ainda sob o efeito das pedradas do povo brasileiro nas ruas em protesto contra a corrupção. Esse não parece um ambiente propicio ao crescimento político do senhor José Sarney, acostumado a costurar nos bastidores vilanias a seu favor e contra seus adversários políticos. Só que neste momento é ele próprio um dos vilões.  E continua mantendo o Maranhão num terrível cenário de vergonha nacional e humilhação.       

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