Editorial
JP, 31 de maio
Faltava
Sarney e ele foi apanhado nas gravações do explosivo ex-presidente da
Transpetro, Sérgio Machado. Gravações que indicam que Sarney pode ter se
beneficiado do esquema de corrupção montado na Petrobras pelo delator e que informam
a participação do maranhense numa espécie de complô de obstrução à Justiça,
cujo objetivo maior seria estancar os efeitos da Lava Jato, protegendo supostos
criminosos e até condenados que já estariam pagando por seus crimes nas grades da
Justiça Federal.
Essa
situação se revela tempos depois do rumoroso caso do pagamento de propina da
UTC Constran, através do doleiro Alberto Youssef, valor calculado em 3 milhões
de dólares, a gente do governo Roseana Sarney, ou a ela mesma, pela liberação
de um precatório de mais de 100 milhões de reais. Revela a podridão instalada
no estado até o ano de 2014, com o surgimento de um esguio personagem
maranhense, o senador Edison Lobão, citado em praticamente todas as delações
consubstanciadas na correr dessa operação.
Lobão,
junto com Renan Calheiros, Romero Jucá e Collor de Melo caíram nas malhas da
Procuradoria Geral da República que, conforme o noticiário nacional hesitaria
hoje entre pedir a prisão ou a condução coercitiva dos quatro no que seria a
reencarnação da Operação Senatus. E, para sedimentar ainda mais esse cenário de
vergonhas, Roseana e Lobão ressurgem nos depoimentos do ex-deputado condenado
Pedro Correa.
É
bomba por cima de bomba. Parece até o paiol de pólvora da canção de Vinícius e
Toquinho nos anos 70.
Percebe-se,
logo, que todo aquele ensaio de retorno ao poder do grupo Sarney por tabela, em
virtude do afastamento da presidente Dilma Rousseff e assunção do vice-presidente
Michel Temer, tende a se esgotar nas incursões da Procuradoria Geral da
República, do Supremo Tribunal Federal e da própria Operação Lava Jato. Os que
governaram o Maranhão até o ano de 2014 estão atolados nessa sujeira da
Petrobras até o pescoço, essa é uma verdade incontestável a lhes tirar o lastro
de poder que pudesse ter sobrado no pós-impeachment. Recolocam o Maranhão no
cenário de vergonhas do passado e se tornam nada mais que matéria de
constrangimento para o governo Michel Temer.
O
mais grave de tudo isso é a novidade da tentativa de obstrução da Justiça. Sem
contar que do “pé de ministros” de Michel Temer as frutas estão caindo de podre,
ainda sob o efeito das pedradas do povo brasileiro nas ruas em protesto contra
a corrupção. Esse não parece um ambiente propicio ao crescimento político do
senhor José Sarney, acostumado a costurar nos bastidores vilanias a seu favor e
contra seus adversários políticos. Só que neste momento é ele próprio um dos
vilões. E continua mantendo o Maranhão
num terrível cenário de vergonha nacional e humilhação.
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