Editorial JP, 08 de junho
Não há inocentes. Todo o modelo político
brasileiro, especialmente o financiamento de campanhas políticas, precisa ser
revisto imediatamente. Ultrajaram as instituições públicas. Todas elas: A
Presidência da República, o Senado Federal, a Câmara Federal. O povo brasileiro
assiste perplexo à primeira vez que é pedida a prisão de um ex-presidente da
República em toda sua História, a primeira vez que é pedida a prisão de um
presidente do Senado no exercício do cargo.
O ofício político se desmoraliza à
proporção das máfias no Brasil. Organizações criminosas agindo para todo lado e
em todos os sentidos. Do mais alto escalão à mais minúscula Prefeitura. Dilma
Rousseff, Luis Inácio Lula da Silva, José Sarney, Renan Calheiros, Eduardo
Cunha, Edison Lobão, Aécio Neves, Romero Jucá e os mais poderosos empresários
do país organizados para assaltar o povo brasileiro.
A linha sucessória do país pode ir parar
toda na cadeia. Por roubo. E dividindo as celas com ex-presidentes da
República. É lamentável, vergonhoso, quase inacreditável. O Brasil vai precisar
de muita serenidade e determinação para superar esta que é uma das fases mais
caóticas de sua História, para sair de tão profundo abismo de desonestidades.
Nem podem mais para alegar que o teor das delações é coisa de calhordas e
criminosos negociando a própria liberdade. Dizer isso é querer zombar da
inteligência do povo brasileiro. Eram organizações criminosas ao modelo das
árvores genealógicas da máfia, várias delas, com um Dom, subchefes,
consiglieres, soldados e associados, todos chupando até o talo o tutano da
miséria brasileira.
Como disse o New York Times, se quiser
se firmar como governante Michel Temer tem que acabar com essa excrescência da
imunidade parlamentar. Mas não é só ele. O que sobrou de honesto na política
brasileira precisa por fim ao foro privilegiado, aos processos sob segredo de
justiça, à indicação de ministros dos tribunais superiores por políticos e
nomeados por presidentes da República. Como vão fazer isso? Que se virem, antes
que a revolta do povo brasileiro ganhe proporções sangrentas, antes que a
extrema direita se aproveite para implantar mais uma ditadura no país, antes
que as baionetas encontrem novamente motivos para governar.
Não é hora de ter lado. O lado de todo
mundo deve ser o lado do povo brasileiro. A disputa pelo poder central neste
país é, resumidamente, uma guerra de gangues. Se é duro ter que dizer isso,
mais duro ainda é saber que é essa a única verdade. A República apodreceu, está
desabando em nossas cabeças. Precisamos juntar seus pedaços e salvar o Brasil.
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