Apesar de manter recursos milionários no exterior, o deputado afastado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) declarou à Receita Federal que perdeu patrimônio nos
últimos cinco anos. De acordo com informações de seu imposto de renda, Cunha
informou possuir R$ 1,704 milhão em 2010 e R$ 1,537 milhão em 2014.
Atualizando a inflação do período, a
queda é de 28%.
Durante esse período, segundo as
investigações da Lava Jato, o peemedebista recebeu em uma de suas contas no
exterior repasses que totalizaram 1,3 milhão de francos suíços, o equivalente a
cerca de R$ 4,8 milhões, feitos pelo lobista João Henriques em 2011.
Para a PGR (Procuradoria Geral da
República), os repasses foram propina proveniente de um negócio envolvendo a
Petrobras. No fim de 2015, a Suíçabloqueou cerca de R$ 9 milhões nas contas
de Cunha naquele país.
O sigilo fiscal de Cunha foi quebrado pelo Supremo Tribunal
Federal durante as investigações sobre suas contas no exterior. Neste caso, ele
já foi denunciado sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.
Em 2014, seu patrimônio mais valioso
declarado foi a empresa C3 Produções Artísticas e Jornalísticas, que possui
juntamente com sua mulher Cláudia Cruz, no valor de R$ 840 mil.
Também declarou três salas comerciais
no Rio, de R$ 335 mil, e metade de um apartamento de R$ 175 mil. De automóveis,
somente um Corolla 2007, no valor de R$ 60 mil. O rendimento de seu salário de
deputado totalizou R$ 320,6 mil em 2014.
Anos antes, em 2010, o patrimônio do
peemedebista incluía R$ 490 mil em ações da OGX, empresa de Eike Batista, e
dois automóveis, além do Corolla: um Mitsubishi de R$ 101,5 mil e um Santana no
valor de R$ 25 mil.
Naquele ano, os rendimentos de seu
salário de deputado foram de R$ 227,5 mil.
Nos demais anos nesse intervalo, o
patrimônio do peemedebista totalizou R$ 1,722 milhão em 2011, R$ 2,263 milhões
em 2012 e R$ 1,649 milhão em 2013.
A Folha revelou em
janeiro que a Receita investiga as informações declaradas por Cunha, sob
suspeita de inconsistências e variação patrimonial a descoberto.
Outros dados da Receita Federal, desta
vez sobre a mulher de Cunha, Cláudia Cruz, apontam inconsistências em seus
gastos no Brasil com cartões de crédito.
Segundo a Receita, existe
"suspeita de que terceiros arcaram com as quitações de despesas de Cláudia
Cruz com cartões de crédito emitidos no Brasil". Isso resultou em indícios
de variação patrimonial a descoberto.
Além disso, Cláudia declarou
recebimentos de pessoa física em 2013 e 2014 nos valores de R$ 400 mil e R$ 310
mil sem que houvesse correspondentes movimentações bancárias em suas contas. Ela é ré sob suspeita de lavagem de
dinheiro.
OUTRO LADO
Cunha não quis comentar. Anteriormente
ele já negou possuir patrimônio a descoberto e sua defesa negou irregularidades
em suas declarações à Receita.
A defesa de Cláudia Cruz informou na
quinta (9) que ela não tem relação com atos de corrupção. (Folha de São Paulo)
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