Editorial JP, 15 de julho
É, senhores, a internet propicia um
jornalismo à velocidade da luz e, mesmo, em tempo real, o que alimenta até aos
níveis do delírio e da alucinação a disputa por acessos que, nesse patamar,
beira às raias da irresponsabilidade. Foi o que aconteceu ontem. Bastou que
alguns jornalistas, blogueiros, titulares de sites e portais soubessem da
presença da Polícia Federal à procura do Secretário de Meio Ambiente, Marcelo
Coelho, para que as manchetes o detonassem como suposto integrante de uma
organização criminosa, um corrupto. Uma barrigada sem tamanho.
A Polícia Federal queria apenas
cientificar o secretário da “Operação”, num ato normal entre autoridades e entre
polícias, até para atender a questões de jurisdição. Foi um corre-corre
terrível, um frisson. Os holofotes se acenderam em luz alta. Ninguém teve a
preocupação de investigar ou mesmo perguntar à PF o que realmente estava
acontecendo e o secretário chegou a receber o mesmo tratamento de um marginal
comum nos títulos de alguns blogues. Houve quem dissesse que a PF estava
começando a cercar o governo Flávio Dino.
Para esses blogues e sites era o romper
de uma nova aurora. Nunca mais teriam a chance de tantos acessos, comentários,
compartilhamentos. “Corrupção no governo Flávio Dino”... Seria a notícia das
notícias, o alcance de renome nacional e internacional para um noticiário que
quase sempre se dilui no Estreito dos Mosquitos. E isso empanou, debilitou
qualquer noção de profissionalismo que pudessem ter.
Vieram em seguida os documentos da
Procuradoria Geral do Estado, a declaração do Delegado da Polícia Federal de
que a instituição não estava à caça do secretário Marcelo Coelho e a própria
entrevista do inocente fatiado moral e publicamente na internet, para provar
que ele não fazia parte de nenhum esquema criminoso. E para nós jornalistas
mostrar, pela enésima vez, que jornalismo só pode ser feito com responsabilidade,
através da apuração dos fatos e não a partir da gana de amontoar acessos,
recursos e leitores.
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