Policiais e bombeiros da Força Nacional que
estão no Rio para a Olimpíada realizaram protesto na tarde desta terça (12) por
atraso nos pagamentos das diárias e pelas más condições dos apartamentos em que
estão alojados, na zona oeste da cidade.
Atualmente, são
3.000 servidores da Força no Rio. Outros 3.000 chegarão à cidade para os Jogos.
A Força Nacional será responsável pela segurança no interior das arenas e na
área entorno dos locais de competição.
Os agentes da Força
estão em apartamentos de dois quartos do programa Minha Casa, Minha Vida. Como
vizinhos há favelas dominadas por milicianos e por traficantes da facção
Comando Vermelho. No imóvel, recém-entregue, em Jacarepaguá, na zona oeste do
Rio, não há chuveiro ou camas. Por isso, há servidores dormindo no chão.
Na reunião desta
terça, os agentes pedem uma solução até a sexta (15). Caso não aconteça,
prometem pedir baixa e retornar aos seus Estados.
O governo federal
já enviou à tropa informações de que solucionará o problema até quinta (14).
Nesta manhã de quarta (13), o secretário nacional de Segurança Pública, Celso
Perioli, se reuniu em Brasília com representantes da categoria para tentar
resolver o problema. Oficialmente, o Ministério da Justiça ainda não se
pronunciou.
"Eles fizeram panelaço nesta terça
e alguns estão pedindo para ir embora, desmobilizando. O que acontece ali é um
absurdo. Existe hoje no Brasil uma falta de respeito das autoridades com os
direitos dos trabalhadores da segurança pública", afirmou o cabo Elisandro
Lotim, presidente da Associação Nacional dos Praças, entidade que representa
soldados, cabos, sargentos e subtenentes da PM e do Corpo de Bombeiros.
"Os
policiais estão passando fome em ambientes insalubres. E isso na preparação
para um evento como a Olimpíada", disse.
Há um ano, o
planejamento era que 9.600 agentes da Força Nacional fossem deslocados para o
Rio para atuar na Olimpíada. Serão apenas 6.000. A apresentação do grupo
aconteceu no último dia 5 e contou com a presença do ministro da Justiça,
Alexandre de Moraes, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Por conta do
efetivo, abaixo do previsto, as escalas de trabalho estão em 12h com 24h de
folga. A Folha apurou que o comando da Força no Rio
promete mudar a escala até o dia 30 de julho, mas que voltará ao horário atual
a partir de 1º de agosto, quatro dias antes da abertura da Olimpíada.
Em cada
apartamento usado como alojamento há seis policiais ou bombeiros.
Todos receberam
os imóveis sem chuveiros. Os colchões foram comprados pelos servidores que
improvisam armários com sapateiras ou espalham as roupas pelo chão. Alguns
apartamentos têm vazamento nas paredes ou têm as pias entupidas. A água é
cortada constantemente, já que a concessionária de água realiza ajustes no
condomínio recém concluído.
Na madrugada de
segunda (11), alguns policiais foram para as janelas durante a madrugada e
começaram a gritar pedindo por água. Segundo bombeiros, que pediram para não
serem identificados, eram 3.000 agentes nas janelas.
DIÁRIA
Outra
preocupação do grupo tem sido o pagamento das diárias. Em missões, os
integrantes da Força recebem R$ 220 por dia. Para a Olimpíada, a promessa é de
que o vencimento será dobrado. Nesta terça, boa parte da revolta dos agentes
era que não haveria o pagamento dobrado.
Um policial do
Rio Grande do Norte conta que o grupo que veio do Estado pensava com a
Olimpíada garantir um melhor salário, mesmo que temporário, mas que há colegas
que até agora sequer receberam a diária paga em missões. Um outro de Santa
Catarina lamenta a situação que chama de "bagunça".
Ele ainda conta
que as comidas servidas nas arenas, neste período pré-Olimpíada, chegam azedas
ou com pouca variedade: só carne e arroz. Segundo o agente, quem está de folga
precisa procurar por alimentação já que, diferente do combinado, não há
"quentinhas" para todos os policiais e bombeiros que estão no Rio.
(Folha de SP)
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