Editorial JP, 5 de julho
Desta vez foram oito mortes a
delimitarem o tamanho da tragédia. Oito, para que talvez o Governo Federal
consiga lembrar quantas mil promessas de recuperação e duplicação da BR 135
foram feitas, por meio do Dnit, e que essas promessas envolveram todos os
poderes do Estado, durante vários anos. Enterros, muitos enterros, lágrimas,
muitas lágrimas, sem que sequer o peso de tantas vidas perdidas intimidasse ou
sensibilizasse Brasília.
As caveiras do Governo Federal no
Maranhão se acumulam ao longo da BR-135 e de todos esses anos, sinalizando para
tristezas que não se tem como enterrar. São, agora, as vítimas, seres informes
e anônimos, esquecidos nas gavetas da insensatez pública, nas assinaturas
inúteis de convênios e termos de ajustamento de conduta, nas promessas vazadas
em torno de uma prospecção de horror.
Esta era uma tragédia anunciada, que
também pode ter ocorrido por culpa de um dos motoristas ou por excesso de zelo
da fatalidade e que sacode mais uma vez as autoridades diante do que todos já
sabiam que poderia acontecer: A RODOVIA DA MORTE continua e vai continuar matando
porque o Governo Federal, governe quem governar este país, não consegue
enxergar o Maranhão.
Defuntos velhos e defuntos novos,
espargindo sangue nas gravatas da irresponsabilidade federal para com esse
Estado e a imponente rodovia, acima de todos os efeitos colaterais, expondo os
buracos, seus calombos, suas cãibras e as crateras de um intransitável
descompasso entre a vida e a morte.
Sabemos nós que estradas federais de
outros estados foram recuperadas e duplicadas, menos a letal BR-135 do
Maranhão. Mas o Governo Federal não pode dar tantas voltas para cumprir suas
obrigações, não pode simplesmente tratar esse estado como se aqui fosse o
quintal do país, não pode alegar falta de recursos quando se trata de salvar
vidas humanas, evitar tragédias. Mesmo porque o dinheiro da corrupção
localizada no núcleo deste governo, provavelmente daria para asfaltar o mundo.
E as tragédias na BR-135 foram todas
filmadas, noticiadas, fotografadas, discursadas em plenários, em reuniões e
audiências intermináveis e infrutíferas, que, até prova em contrário, não
sensibilizaram ninguém.
Em nota o governo do Estado explica que
somente na atual gestão já foram mais de 10 reuniões, cita as inúmeras
intervenções das bancadas federal e estadual do Maranhão pela BR. O atual
governo quis, inclusive, assumir a obra, em janeiro de 2016 para concluí-la.
São fatos. Fatos que alardeiam a lentidão e a má vontade do Governo Federal
para com essa obra. E, enquanto engole promessas e mentiras, o Maranhão confere
caveiras e cadáveres.
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