terça-feira, 5 de julho de 2016

As caveiras do Governo Federal

Editorial JP, 5 de julho


Desta vez foram oito mortes a delimitarem o tamanho da tragédia. Oito, para que talvez o Governo Federal consiga lembrar quantas mil promessas de recuperação e duplicação da BR 135 foram feitas, por meio do Dnit, e que essas promessas envolveram todos os poderes do Estado, durante vários anos. Enterros, muitos enterros, lágrimas, muitas lágrimas, sem que sequer o peso de tantas vidas perdidas intimidasse ou sensibilizasse Brasília.
As caveiras do Governo Federal no Maranhão se acumulam ao longo da BR-135 e de todos esses anos, sinalizando para tristezas que não se tem como enterrar. São, agora, as vítimas, seres informes e anônimos, esquecidos nas gavetas da insensatez pública, nas assinaturas inúteis de convênios e termos de ajustamento de conduta, nas promessas vazadas em torno de uma prospecção de horror.
Esta era uma tragédia anunciada, que também pode ter ocorrido por culpa de um dos motoristas ou por excesso de zelo da fatalidade e que sacode mais uma vez as autoridades diante do que todos já sabiam que poderia acontecer: A RODOVIA DA MORTE continua e vai continuar matando porque o Governo Federal, governe quem governar este país, não consegue enxergar o Maranhão.
Defuntos velhos e defuntos novos, espargindo sangue nas gravatas da irresponsabilidade federal para com esse Estado e a imponente rodovia, acima de todos os efeitos colaterais, expondo os buracos, seus calombos, suas cãibras e as crateras de um intransitável descompasso entre a vida e a morte.
Sabemos nós que estradas federais de outros estados foram recuperadas e duplicadas, menos a letal BR-135 do Maranhão. Mas o Governo Federal não pode dar tantas voltas para cumprir suas obrigações, não pode simplesmente tratar esse estado como se aqui fosse o quintal do país, não pode alegar falta de recursos quando se trata de salvar vidas humanas, evitar tragédias. Mesmo porque o dinheiro da corrupção localizada no núcleo deste governo, provavelmente daria para asfaltar o mundo.
E as tragédias na BR-135 foram todas filmadas, noticiadas, fotografadas, discursadas em plenários, em reuniões e audiências intermináveis e infrutíferas, que, até prova em contrário, não sensibilizaram ninguém.

Em nota o governo do Estado explica que somente na atual gestão já foram mais de 10 reuniões, cita as inúmeras intervenções das bancadas federal e estadual do Maranhão pela BR. O atual governo quis, inclusive, assumir a obra, em janeiro de 2016 para concluí-la. São fatos. Fatos que alardeiam a lentidão e a má vontade do Governo Federal para com essa obra. E, enquanto engole promessas e mentiras, o Maranhão confere caveiras e cadáveres. 

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