domingo, 24 de julho de 2016

LINGUARUDO



JUÍZES E SEMIDEUSES
Minos e Radamanto não sonhariam com tanto poder. Vamos calcular que uma média de, pelo menos, 100 milhões de brasileiros utilizam hoje o aplicativo Wahtsapp. Para marcar encontros, fechar negócios, trabalhar, estabelecer miniconferências, desfazer dúvidas. Tratar, enfim, de todos os assuntos possíveis e imagináveis. E a toda hora um juiz singular Bumba! Tira do ar o aplicativo no país inteiro. No país inteiro.
A alegação é quase sempre a mesma: o não fornecimento de informações a uma investigação policial. E a exigência também: a desestabilização da chave de criptografia. A maioria dos usuários nem sabe o que é isso, assim como eu. Mas eu sei que cortar a comunicação entre 100 milhões de pessoas é quase um ato de lesa universo.
Francesco Carnelutti, um mestre italiano do Direito, dizia que “Para ser juiz um homem deveria ser mais que um homem”. A doutora Daniela Barbosa é. Conseguiu, com uma única canetada, calar 100 milhões de pessoas. E ainda encontrou explicações legais para o ato. É coisa de semideuses.

A dor de Maristela
JM Cunha Santos

Eu encontrei a dor de Maristela
Num beco escuro fundo inesgotável
Dentro de mim no último lá sufocado longe da minha alma
Eu encontrei a dor de Maristela
Conversando com a minha
E falavam sobre pingos de luz
que não mais desabam, sobre flores
que se rasgam todo dia, sobre
raios de sol que não mais iluminam, sobre
distâncias que se movem e crescem mais

Eu encontrei a dor de Maristela
Num cubículo sem porta feito de futuro
Num pássaro caindo de todas as janelas
Num balde de corações feridos e sangrando
encontrei a dela minha toda dor do mundo
e que lhe disse-me de quilômetros de silêncio eterno
e de um corpo imóvel para sempre na cabeça

Eu encontrei a dor de Maristela
Num túnel sem vão do lugar incomum
no impenetrável abscôndito sangrando
Dentro de mim no depois de mais ainda
eu encontrei a dor de Maristela
e era maior tão grande quanto o mesmo tamanho
porque vasava e se prolongava e se esticava para muito depois do ali

Eu encontrei a dor de Maristela
Nas mãos de um Deus que transformava tudo em filhos
Eu encontrei aquela dor sem placas
conversando com a minha
Sobre a carga insuportável de ser nossa dor
                        (Pedreiras, junho de  2016)

ESTRADA DO ARROZ E ESTRADA DA FARINHA
Com o nome do padre Josimo, o governador Flávio Dino inaugurou a famosa Estrada do Arroz, sempre iniciada nunca concluída no governo Roseana Sarney. E eu lembrei de uma das mais escandalosos peripécias do governo Roseana, sob a gestão de Fernando Fialho na Secretaria de Desenvolvimento Social: o pagamento de R$ 4 milhões à Fundação Vera Macieira pela abertura de uma estrada no povoado “Centro”, no município da Raposa. O problema é que o povoado não existia e a Fundação não tinha endereço. O dinheiro público esfarinhou-se mais uma vez.

O TERROR NO GOVERNO ROSEANA SARNEY
Em se tratando de segurança pública, não há sequer termos de comparação entre o governo Flávio Dino e o que aconteceu no correr do governo Roseana Sarney: Penitenciárias transformadas em simulacros do inferno, cabeças a prêmio em todos os quadrantes da cidade, decapitações e esquartejamentos, pistolagem, agiotagem, fugas facilitadas, presidiários fazendo turismo nos postos de gasolina, gangues em guerras fratricidas em praça pública, facções torrando gente viva e ordens de morte disparadas via internet e celular.
Sem contar que decretaram o fim das promoções no âmbito da segurança pública. Foi assim no governo Roseana e o Maranhão não esqueceu.

O JORNALISMO E A CANALHICE DESEMBESTADA
O caráter perverso do jornalismo que o Sistema Mirante pratica hoje começa a desembestar para uma patologia mitômana, na direção, todavia, de uma licenciosidade ambígua e perigosa. Mais que mentir furdunçam no trabalho de destruir a informação, pois toda mentira terá virado verdade e toda verdade virado mentira quando o jornal O Estado do Maranhão chegar às bancas.
A tendência patológica fora do comum, a compulsão para mentir e fantasiar podem ser percebidas nessa manchete: “Centrais aprovam greve geral no Maranhão”. Só pode ser doença, não tem outro nome. A perversidade destrutiva vem nessa outra: “Menores são vítimas de 700 casos de violência sexual no Maranhão”. E porque a manchete não informa o período de ocorrência de todos esses estupros, quem lê de longe imagina que esse Estado é uma terra de tarados psicopatas. Dá vontade de esconder filhos e filhas, de deixar para sempre o Maranhão.
O gérmen de rancor que ativa esse tipo de jornalismo tem seus seguidores na internet. Há poucos dias o blog Atual7 falava de “um suposto vídeo em que a pré-candidata Eliziane Gama aparece em momento de intimidade pessoal”, sugerindo que aliados do prefeito Edivaldo Holanda seriam os produtores do vídeo. Rompeu-se, aqui, definitivamente, a fronteira entre o jornalismo e a canalhice desembestada.      

MANCHETÁRIO
Waldir Maranhão volta ao anonimato (John Cutrim)
De onde nunca devera ter saído
Professora corta língua de criança como castigo em creche (Caio Hostílio)
Quanto mais eu conheço os homens, mais eu respeito as feras.
Hildo Rocha quer reduzir repasse de dinheiro público a partidos (Marco Deça)
A partidos; não a deputados.
Trump é confirmado como candidato republicano nos EUA (O Globo)
E vem aí a Terceira Guerra Mundial.
Governo vai retomar a compra de tornozeleiras (O Globo)
Para garantir que não falte a José Sarney, Edison Lobão e ao próprio Michel Temer.
Flávio Dino tem 60 % de aprovação, revela pesquisa (Jornal Pequeno)
Roseana nunca teve isso. Nem nos cassinos de Las Vegas, onde passava a maior parte do tempo.
Indústria apresenta proposta para Brasil retomar crescimento (O Estado do Maranhão)
Ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres. Resumindo, é isso.
TSE divulga limites de gastos para campanhas em todo o país (Geral)

Divulgar é fácil; quero ver é controlar.

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