Pouco depois da votação na Câmara
Federal no último dia 17 de abril, que aprovou relatório recomendando a
cassação do mandato de Dilma Rousseff, a opinião pública maranhense ecoou a um
só tom que Flávio Dino sofreria fortes retaliações assim que o vice, Michel
Temer, assumisse a interinidade do cargo de presidente da República.
Na percepção dos maranhenses, as
retaliações a Flávio Dino não viriam apenas porque o governador do Maranhão é
uma das lideranças políticas mais aguerridas na defesa do mandato
constitucional de Dilma. Plantar em uma coluna uma falsa delação não confirmada
é criar uma cortina de fumaça para proteger as principais lideranças do PMDB –
partido de Temer – no estado, tentando incluir o governador em um escândalo que
na verdade é da família Sarney.
A Operação Lava Jato, como se sabe,
nasceu no Maranhão em 2014, mais precisamente no Hotel Luzeiros em São Luís,
quando a Polícia Federal (PF) prendeu o doleiro Alberto Youssef no momento em
que, segundo as investigações, ele se preparava para pagar mais uma parte da
propina à então governadora Roseana Sarney por favores prestados à empreiteira
UTC-Constran, uma das empresas no centro do escândalo de corrupção que gerou a
Operação Lava Jato.
Após a prisão de Alberto Youssef, uma
avalanche de delatores, inclusive o próprio Youssef e o dono da Constran,
Ricardo Pessoa, entregaram documentos e outras provas deixando claro que além
da então governadora Roseana Sarney, o senador Edison Lobão e seu filho,
Edinho, além do ex-presidente José Sarney, constavam como beneficiários dos
esquemas de propinas da Lava Jato.
Roseana, Lobão, Edinho e o próprio José
Sarney já estiveram no olho do furação da Operação Lava Jato. Investigados pela
PF, a avaliação que se faz é de que nenhum deles sobreviverá à delação da
empreiteira Odebrecht, prestes a ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal
(STF).
Jogar parte de sua própria lama nos
adversários é prática corrente do grupo Sarney há pelo menos 22 anos, quando os
meios de comunicação de Sarney inventaram o cadáver de Reis Pacheco para
prejudicar a candidatura de Epitácio Cafeteira ao governo, em 1994.
Na campanha eleitoral 2014, o próprio
Flávio Dino foi acusado de chefiar uma quadrilha, após farsa grosseira montada
nos meios de comunicação do adversário Edinho Lobão.
Se inventaram cadáveres, se usaram um
detento do sistema prisional do estado para prestar falso testemunho, plantar
na imprensa uma delação sequer confirmada. Jogar lama da Lava Jato no atual
governador do Maranhão com o objetivo de preservar a si próprios, não passa de
mais uma tática desprezível da oligarquia em ruínas, mas ainda perigosa.
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