Editorial
JP, 10 de agosto
Nada
mais perigoso que a relação entre delatores e infratores da lei. Principalmente
quando os infratores são gente muito poderosa e usaram os delatores para
consumar e mascarar seus crimes. Num país em que as leis e o próprio formato da
justiça, com tantos recursos e apelações, costumam dificultar o trabalho da
polícia quando se trata de mandar para a prisão gente poderosa, os delatores
estão se tornando imprescindíveis tanto para a ação policial, quanto para a
ação judicial.
A
Operação Lava Jato, que começou no Maranhão, com Alberto Youssef escancarando a
existência de organizações criminosas das quais faziam parte os mais poderosos
empresários do país, em conluio com os mais destacados nomes da classe política,
inclusive jogando graves suspeitas sobre a governadora maranhense Roseana
Sarney, deixou mais protegida a sociedade brasileira. Sabemos agora quem são os
responsáveis por esse estropiamento da dignidade republicana no Brasil, quem
valsava em noites chuvosas nos salões de hotéis de luxo com malas de dinheiro
sem origem ou de origem, no mínimo, pecaminosa.
A
aventura de assaltar estatais e bancos oficiais, subjugou e desaparelhou a
economia brasileira. Todos os preços estavam disparando, os empregos
desaparecendo, enquanto, por exemplo, o presidente da Transpetro gravava
conversas sobre desvios de recursos com o ex-presidente José Sarney, um homem
muito importante no cenário da política nacional, mas capaz de atos diminutos como
inventar cadáveres para vencer uma eleição ou usar seu monopólio de comunicação
para acusar seu adversário, o hoje governador Flávio Dino, de chefiar uma
quadrilha de assaltantes. E usando o depoimento falso de um presidiário que,
como todo presidiário, sonhava com a liberdade.
Esses
poucos fatos, essa narrativa ainda incompleta, bastam para que não se dê
crédito a nenhuma intentona do grupo Sarney contra seus adversários. Sempre
sobrará a sensação de que, mais uma vez, estamos sendo enganados, ludibriados e
de que as “orcrims” por trás de notícias plantadas continuam agindo
perigosamente.
O
sonho que trouxe esta geração até uma vitória pela qual se esperou 40 anos não
pode ser conspurcado por falsetas e conversas fiadas. Temos escolas dignas,
temos a maior estação de tratamento de esgoto do Nordeste, temos uma Força
Estadual de Saúde invadindo os mais distantes rincões, temos uma São Luís sendo
asfaltada, temos programas sociais, finalmente, depois de meio século, temos
programas sociais no Maranhão. Acordos, negociatas e rusgas entre delatores e
infratores da lei não conseguirão desmentir que hoje estamos vivendo muito
melhor. E com honestidade.
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