Da BBC
A etapa final do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff
foi retomada nesta sexta-feira, mais uma vez em clima bastante nervoso. Em um
dos momentos mais marcantes da sessão, o presidente do Senado, Renan Calheiros,
comparou a Casa a um "hospício".
O ponto mais tenso, porém, ainda está por vir: na segunda-feira, Dilma
fará sua defesa pessoalmente. Está prevista a presença do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e mais 20 a 30 aliados. Por causa disso, o presidente do
Senado, Renan Calheiros, disse que o lado favorável ao impeachment também terá
direito a trazer um grupo com a mesma quantidade de pessoas.
"Hospício"
O presidente do Senado, Renan Calheiros, tomou a palavra no fim da manhã
supostamente para tentar acalmar os ânimos dos senadores, a pedido do
presidente do STF, Ricardo Lewandowski. que comanda a sessão. No entanto, seu
discurso duro acabou botando mais lenha na fogueira.
Ele começou pedindo desculpas à sociedade e a Lewandowski pelo baixo
nível dos debates. Em seguida disse que o Senado parecia um
"hospício" e depois criticou a estratégia dos aliados de Dilma de
apresentarem sucessivas questões de ordem questionando o processo.
Para os parlamentares apoiadores do impeachment, os aliados da petista
atuam para atrasar o desfecho do julgamento.
"Essa sessão é sobretudo uma demonstração de que a burrice é
infinita", disse Calheiro.
Calheiros também atacou a senadora Gleisi Hoffmann
(PT-PR), que ontem havia dito que metade do Senado não tinha
moral para julgar Dilma. Ela a repreendeu pela fala e lembrou a recente prisão
de seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, acusado de
envolvimento em esquema de corrupção.
"Que baixaria", reagiu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
A discussão quase virou empurra-empurra entre senadores. Lewandowski,
que havia cogitado suspender o almoço devido ao atraso na oitiva das
testemunhas de defesa, decidiu dar intervalo de quase duas horas para que a
tensão baixasse.
No fim do dia, Calheiros disse que estava arrependido da discussão e que
ambos os lados "se excederam".
O presidente do Senado afirmou mais uma vez que ainda não sabe se votará
no julgamento final de Dilma. Nas fases anteriores, ele preferiu não se
manifestar.
O cenário mais provável hoje é que Dilma será condenada e Michel Temer
assumirá a Presidência da República até 2018.
Plateia
"fla-flu"
Calheiros disse que Lula quer assistir ao depoimento de Dilma do
plenário do Senado. Ele deve vir acompanhado de um grupo de 20 a 30 aliados, como ex-ministros dos
governos petistas e assessores.
Para garantir a "direitos iguais", o presidente do Senado
disse que a acusação terá direito a convidar também o mesmo número de
apoiadores.
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) contou à BBC Brasil que os nomes
ainda estão sendo definidos, mas é possível que sejam chamados os líderes dos
protestos que levaram multidões às ruas neste ano e no anterior pedindo a queda
de Dilma.
Apesar da forte rivalidade que existe entre esses grupos, o tucano
descartou um clima de "fla-flu" na sessão.
"Acho que o depoimento (de Dilma) vai ser muito mais civilizado que
hoje", afirmou também Calheiros.
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