Editorial
JP, 02 de agosto
A
crise econômica brasileira faz vítimas em todos os setores da vida pública e
privada. O desmantelamento moral que aos bilhões direcionou recursos públicos para
contas particulares, sugando estatais, bancos oficiais e retalhando em postas
as instituições do país, atingiu violentamente o funcionalismo público nos
estados.
Um
estudo publicado por especialistas no jornal “Extra” mostra que os atentados à
dignidade e sobrevivência do funcionalismo patrocinaram bem mais que o simples
atraso de pagamento, mas também o escalonamento e até o sórdido parcelamento
dos salários dos servidores públicos. O nome disso é, sim, ataque à
sobrevivência, pois quem recebe salários escalonados, parcelados ou em atraso
vive permanentes dificuldades financeiras, não tem como pagar suas contas, cada
vez mais altas, está manietado economicamente pelos juros escorchantes do país.
E paga impostos que fazem saltar os olhos da cara.
Apenas
12 dos 27 estados brasileiros continuam pagando os vencimentos do funcionalismo
no mesmo mês de competência, entre estes 12 o Maranhão. O restante, paga com
atraso ou quase nem paga. Oito estados alongam ou mantém os depósitos até os
primeiros dias do mês seguinte. Outros sete vivem situações críticas de
parcelamento: Amapá, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Piauí, Rio Grande do
Sul e Sergipe. Entre estes últimos 15 não está o Maranhão.
Nos
casos de Minas Gerais, Piauí e Rio Grande do Sul, os parcelamentos se repetem
desde o final do ano passado. Um tormento o trabalhador nunca saber quando nem
quanto vai receber de seu salário a cada mês. Há casos de escalonamentos
criminosos, como o daqueles que ganham
acima de dois mil reais só receberem após o décimo dia do mês vindouro. Um
crime. No Rio Grande do Sul, pagamentos já foram divididos em até seis
parcelas! Vá se alimentar, vestir, trabalhar e estudar com um barulho desses.
No Rio de Janeiro, salários atrasam desde novembro do ano passado e o décimo
terceiro foi parcelado em 5 vezes.
Além
da corrupção e da incompetência imanente, houve casos de leniência com os
reajustes, quase sempre por razões eleitorais e esses estados agora estão
pagando o preço. Houve governos que aumentaram afolha de pagamento em até 70 %.
E,
sendo o Maranhão, famosamente, por razões que não cabem no tamanho desse
editorial, o estado mais pobre do Brasil, é de se perguntar porque isso não
acontece aqui. E, quem quiser que pense outra coisa, mas parece-nos que a
aplicação virtuosa dos recursos públicos, a honestidade com o dinheiro do povo,
o corte de privilégios e o fim da corrupção que até 2014 não saía das páginas
dos jornais do mundo, pelo governo Flávio Dino, está permitindo ao Maranhão
enfrentar a crise sem sacrificar a vida do servidor público estadual.
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