JM Cunha Santos
O arquivamento dos processos contra
Roseana Sarney e Edison Lobão na Lava Jato, representou poucos dias de alento
para os dois correligionários, ante suas complicadas desventuras com a Justiça.
Imediatamente à decisão da suprema corte, o nome de Roseana ressurge na crônica
da corrupção deslavada do país, desta vez na lista negra da Odebrecht, ao lado
de oito governadores, sete ministros, 16 senadores e 55 deputados federais.
“Falta de provas” é quase sempre um
eufemismo usado extensivamente para proteger figurões da ação policial e
judiciária. Mas são tantas as deliberações jurídico-policiais contra a
ex-governadora que nada lhe garante sobrevida política no Maranhão e no Brasil.
Além da lista negra da Odebrecht, pesam-lhe na consciência o precatório da UTC
Constran e o rumoroso caso das isenções fiscais na Secretaria da Fazenda que teria
ocasionado um rombo de quase R$ 1 bilhão aos cofres do Estado, estes no âmbito
da justiça maranhense e sob a égide de decisão do próprio STF que garante
condenação ainda em segunda instância.
Avultam-se, assim, os dilemas de um
poder exercido no distanciamento dos interesses do povo e articulado,
entretanto, na fronteira entre a ilegalidade e o enriquecimento ilícito. No
sarneisismo, a máquina estatal aliou-se a todas as impropriedades
institucionais espalhadas pelo Brasil afora, passou a constar de todas as
listas negras que se elaboraram no país, os dossiês da maldição que afundou o
país na crise econômica.
O esbulho não foi apenas econômico e
financeiro; a alma maranhense se perdeu num grotesco emaranhado de desvios de
conduta que privatizou as contas públicas e espalhou-se como câncer seminal,
minando o desenvolvimento e a ética institucional no Maranhão. Não é, portanto,
tão importante assim que lhes tenham (a Lobão e Roseana) arquivado alguns
processos. Estão politicamente esgotados aos olhos do povo e ainda lhes paira
sobre a cabeça a espada da Justiça, estão moralmente inelegíveis, porque as
verdades postas em tantos inquéritos explodirão em sentenças condenatórias mais
dia menos dia.
A lista negra do Maranhão, esta que
safenou o progresso, depauperou a saúde pública, contaminou a educação e
escalpelou o sistema de segurança, em troca de rolos de propina, pagará
sim, o preço dos atrasos econômico, político e moral do Maranhão.
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